por Pedro Luso de Carvalho
Nesta quarta parte de A
Música Brasileira será feita a abordagem da Bossa nova, gênero
musical, que não tardaria a ser considerado de nível internacional, e que
surgiu para defender a nossa música popular, como disse Nelson Werneck Sodré (in,
Síntese de História e Cultura Brasileira, no seu capítulo Música. Civilização
Brasileira, 9ª ed., Rio de Janeiro, 1981, p. 100).
O escritor fala sobre a
interferência dos meios de comunicação, rádio e televisão, para a divulgação de
nossa música popular, e da influência desses veículos até mesmo nas criações
artísticas.
Werneck Sodré não se posiciona contra a toda a música que chega do
exterior, desde que ao Brasil venha um pouco do melhor da música de outros
países. Mas o que constata é que a música que importamos é a música de massa,
que representa prejuízo para o público, que consome arte musical de baixa
qualidade, mas também para os nossos verdadeiros músicos e compositores.
CULTURA NACIONAL - MÚSICA (4ª parte)
(Nelson Werneck Sodré)
Esses meios, servindo a interesses estrangeiros, serviam, no plano
musical, à música estrangeira. (...) Nossa música, assim, ia, pouco a pouco,
sendo alijada até mesmo das preferências populares, intensamente trabalhadas
pela continuada repetição do que era imposto e divulgado em massa.
Impostas às massas pelos meios, técnicas, instrumentos de cultura de
massa. Foi em defesa de nossa música popular, segundo certos críticos, que
surgiu a chamada Bossa nova: A Bossa nova, produzindo quase sempre uma
música de nível internacional, rivalizando em qualidade com o que de melhor se
fazia na época e em qualquer lugar, levou a imagem de um Brasil diferente, não
mais aquele ingênuo e caipira dos salamaleques de Carmem Miranda, mas o de uma
nação em que o processo de industrialização começa a acordar o povo para a sua
real condição.
O primeiro argumento a comprovar esta constatação é o de que a música, como fenômeno cultural e de superestrutura,
acompanha as modificações de baixo para cima. Tom Jobim, João Gilberto, Carlos
Lyra, Sérgio Mendes, Donato, Marcos e Paulo Sérgio Vale, o Bossa Três e
tantos outros, conseguiram isso: a Bossa
nova cortou fundo na receptividade do americano médio e resistiu a
avalancha de contrafações acionada pela alavanca do sistema de massas dos EUA.
Surgido entre fins de 1959-1960
com os compositores João Gilberto e Antônio Carlos Jobim – principais
precursores – o processo de estruturação rítmico-harmônico da Bossa nova,
apesar das concessões feitas diante das preferencias artísticas e musicais
norte-americanas, trouxe indiscutível benefício para renovação do nosso
ambiente musical e contribuição no sentido da preservação do prestígio e da
justa evidencia da música popular brasileira. Essa nova manifestação artística
nacional possibilitou, em tempo recorde, a internacionalização do samba em sua
roupagem moderna, embora tal benefício, de condição temporária, não implique em
definitiva permanência no exterior. (Nelson Werneck Sodré diz que Claribalte
Passos tem a mesma opinião que a sua.)
Aqui termino esta parte do texto sobre Bossa nova, que integra o
trabalho A Música Brasileira, agora na sua quarta parte. Na quinta parte
deste trabalho, continuarei mostrando como Nelson Werneck Sodré vê esse gênero
musical, que, como diz, veio salvar a nossa música popular. (Para acessar a
primeira parte deste trabalho, clique em A Música Brasileira - Parte I.)
* * *
Um excelente trabalho na explicação sobre a
ResponderExcluirBossa Nova.
Um abraço
Irene Alves
Irene,
ExcluirObrigado por sua visita e pelo seu estímulo. Espero que volte mais vezes.
Abraços,
Pedro.
Pedro, nosso país é riquíssimo em talentos que, infelizmente, por massificação da ARTE, acabam por serem pouco difundidos.
ResponderExcluirMas quem sabe e gosta do que é bom sempre sai a procura.
Uma vez, quando fazia um curso sobre ARTE, agarramos numa discussão calorosa sobre os gostos de cada um por todos os focos de ARTE e eu cheguei a seguinte conclusão - o gosto vem da alma. Almas evoluídas não se sucumbem a ideologias nem a pacotes sem valores desta ARTE FAST...
Quem tem uma nobreza, independente de classe social, sempre vai à procura daquilo que lhe toca e que de fato é BOM...
Um grande abraço.
Admiro teu trabalho de pesquisa e conhecimento.
Malu,
ResponderExcluirÉ sempre motivo de satisfação quando você aparece por aqui. Este espaço fica enriquecido com sua presença e com seus comentários, como este, que você fala com sabedoria sobre a ARTE, e diz que "gosto vem da alma".
Abraços,
Pedro.
Aqui estou de novo Pedro para agradecer sua visita ao meu blogue
ResponderExcluire para lhe dizer, que infelizmente o Governo que temos neste momento
em Portugal é extremamente frio e indiferente ao sofrimento das pessoas.
Para 2013 vai ser pior que em 2012.A Europa está a destruir-se...
e eu não sei o que por aí virá, mas não é nada de bom.
Gostei do que a Malu disse"gosto vem da alma".
Eu também penso assim.
O seu blogue ajuda a aprender, e eu considero muito útil essa função.
Um beijinho
Irene Alves
Ah, tenho outro blogue que se o quiser visitar, http://sinfoniaesol.
wordpress.com
Irene,
ExcluirÉ sempre uma honra recebê-la aqui neste espaço.
Quanto aos problemas pelos quais passa Portugal, sua situação econômica, social e política, tenho algum conhecimento através da imprensa e TV SIC. Mesmo com todos os problemas que o país está enfrentando, não pode perder a esperança. Nós brasileiros também já passamos por isso, e hoje estamos bem melhor.
Eu também gostei do que disse a Malu sobre o "gosto vem da alma".
Um bom fim de semana, Irene.
Abraços,
Pedro.
Olá.
ResponderExcluirConheci hoje esse espaço por acaso e adorei. Há tempos esperava encontrar algo assim. Parabéns pelo blog, muito bom!
E só para deixar minha contribuição, eu concordo plenamente com o que a Malu disse. Na verdade o que me entristece um pouco é que essa 'cultura' que é o que está sendo apresentada diariamente, principalmente aos mais jovens, acabe se tornando uma totalidade quando se diz respeito ao conhecimento do que se tem. Digo isso por experiência própria, tenho 17 anos e a grande parte das pessoas que conheço dessa faixa etária acaba sendo 'engolida' pela cultura que na verdade é, de certo modo, imposta pelos meios de comunicação que acabam valorizando o que lhes convém.
Abraço.
Obrigado, Monique, tanto pela visita como pelo seu comentário. Em resposta a Malu, eu também concordei com o que ela disse acima.
ExcluirDepois desse seu comentário a gente vê que nem tudo está perdido, em matéria de cultura. A crítica que você faz, por nossos jovens darem pouca importância à cultura, tendo apenas 17 anos, como você tem, dá-nos alguma esperança de que a situação possa melhorar.
Parabéns Monique.
Abraços,
Pedro.