18 de mai. de 2019

EZRA POUND - A Arte da Poesia



       
[ PEDRO LUSO DE CARVALHO ]


EZRA POUND foi educado na Universidade de Pensilvânia e no Hamilton College. O seu primeiro livro foi publicado em 1908, em Veneza, Itália. Escreveu cerca de 90 volumes de poesia, crítica e traduções de importantes poetas. Além de suas próprias obras, Erza Pound – que definiu a boa literatura como “linguagem carregada de sentido até o último grau possível” –  publicou James Joyce, foi uma espécie de protetor de T.S. Eliot, incentivou Yeats a ousar mais na sua poesia, mostrou a importância da concisão a Hemingway.

Em tempo algum foi negada a importância de Pound, como professor e como divulgador das artes. “Seus ensaios literários, suas cartas, seu estudo da poesia provençal intitulado The Spirit of Romance e o fascinante ABC da literatura – diz Michael Dirda – tudo isso ainda causa um verdadeiro impacto: os textos  são ao mesmo tempo acadêmicos, iconoclastas e divertidos, como podemos notar na constatação de que A França assumiu a liderança intelectual europeia quando reduziu a hora das aulas nas universidades para cinquenta minutos ”.

Extraí de A Arte da Poesia, livro de ensaios de Ezra Pound, o texto que tem por título Linguagem; sem dúvida, a intenção de Pound era a de ajudar os mais novos a desenvolver a arte da escrita, já que ele é aquele “artista mais tarimbado buscando ajudar outro artista mais jovem”, como dizia de si mesmo. Ezra Pound – poeta, músico e ensaísta de invejável erudição – foi um dos expoentes do movimento modernista da poesia do início do século XX.

Em A Arte da Poesia, no seu capítulo Linguagem, Pound ensina aos jovens escritores, poetas principalmente, como se deve tratar a difícil arte da prosa e da poesia:  “Não use palavras supérfluas, nem adjetivos que nada revelam. Não use expressões como dim lands of peace (brumosas terras de paz). Isso obscurece a imagem. Mistura o abstrato com o concreto. Provém do fato de não compreender o escritor que o objeto natural constitui sempre o símbolo adequado”.

Diz mais, Pound, no capítulo Linguagem: “Receie as abstrações. Não reproduza em versos medíocres o que já foi dito em boa prosa. Não imagine que uma pessoa inteligente se deixará iludir se você tentar esquivar-se do obstáculo da indescritivelmente difícil arte da boa prosa subdividindo sua composição em linhas mais ou menos longas. O que cansa os entendidos de hoje cansará o público de amanhã”.

“Não imagine que a arte poética seja mais simples que a arte da música – diz Pound – ou que você poderá satisfazer aos entendidos antes de haver consagrado à arte do verso uma soma de esforços pelo menos equivalente aos dedicados à arte da música por um professor comum de piano. Deixe-se influenciar pelo maior número possível de grandes artistas, mas tenha a honestidade de reconhecer sua dívida, ou de procurar disfarçá-la”.

Quanto à influência a que o jovem escritor não precisa esquivar-se, Pound faz esta advertência: “Não permita que a palavra influência signifique apenas que você imita um vocabulário decorativo, peculiar a um ou dois poetas que por acaso admire. Um correspondente de guerra turco foi surpreendido há pouco se referindo tolamente em suas mensagens a colinas cinzentas como pombas, ou então lívidas como pérolas, não consigo lembrar-me. Ou use o bom ornamento, ou não use nenhum”.

Obra poética principal de Ezra Pound: Os Cantos, que começou a aparecer em 1917, sendo que a sua última parte – Thrones – foi publicada em 1959. Seus poemas curtos foram reunidos no volume intitulado Personae, que foi publicado em 1926, com edição aumentada em 1950.

Ezra Pound nasceu a 30 de outubro de 1885, na cidade de Hailey, Idaho, EUA, e morreu no dia 01 de novembro de 1972, em Veneza, Itália, onde vivia com sua filha.




REFERÊNCIA:
DIRDA, Michael. O prazer de ler os clássicos. Tradução de Rodrigo Neves. São Paulo: Editora WMF. Martins Fontes, 2010.
POUND,Ezra. Arte da Poesia. Ensaios. Tradução de Heloysa de Lima Dantas e Paulo Paz. São Paulo: ed. Cultrix, 1976, p.11-12.


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10 comentários:

  1. Anônimo21:51

    Pedro,

    Como sempre voce nos brinda com bons textos publicados neste belo espaço.

    Abraços, GR.

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  2. Gostei de ler sobre A Arte da Poesia do poeta Ezra Pound.
    Me senti uma iniciante aprendendo ainda a escrever.
    Faço poesias simples, mas vindas da alma e sei que com o tempo ainda chegarei a um status de poetiza de bom gabarito. Aprendo com as mãos, e através delas, deixo registrado todos os sentimentos que brotam da minha alma. Pretendo ter mais tempo para aqui me deliciar com o que vc Pedro Luso, tão sabiamente escolhe para publicar em seu blog e com ele ir aprendendo a jogar as palavras, as rimas e poder aprensentar lindos poemas ao mundo. Pois acredito que somos o que escrevemos e escrevemos o que sempre fomos.

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    1. Deyse:
      Sentir-se iniciante é sempre saudável; sentir-se realizado com que se escreve pode ser um retrocesso, uma vez que nunca deixaremos de aprender.
      Espero por outras visitas suas, Deyse.
      Abraços.

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  3. Corrigir é preciso.
    Por que escrevi "poetiza" com "z" e não com "s"? E "aprensentar" e não apresentar?
    Talvez no desejo de aproveitar ao máximo o que me veio a cabeça, descuidei um pouco da ortografia e quando li parecia tudo normal. mas quero sim corrigir esse erro e pedir desculpas pela minha falta de atenção.

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    1. Não tem que se desculpar, Dayse; quem não tem esse tipo de descuido?
      Volte mais vezes.
      Abraços.

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  4. Anônimo09:23

    Un gran Post sobre la Técnica Poética y la belleza y estética de la Poesía, personificado en Ezra Pound
    Abraços.

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    1. Obrigado, caro Pedro Luis, pela visita.
      Grande abraço.

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  5. Pedro Luso, teu blog é O Blog. Tudo aqui é muito bom. Entrei para dar uma olhada e fiquei mais de hora e meia. Parabéns pelo seu maravilhoso trabalho. Voltarei sempre, para ler, compartilhar e sobretudo aprender. Abraço.

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Obrigado a todos os amigos leitores.
Pedro