23 de mar. de 2010

A MÚSICA ERUDITA DE BRAHMS




por Pedro Luso de Carvalho


Johannes Brahms, o terceiro filho do casal Johann Jakob Brahms e de Johanna Henrika, nasceu no dia 7 de maio de 1833. O pai do menino Johannes, que tocava contrabaixo na orquestra filamônica da cidade, percebendo o talento musical do filho deu-lhe as primeiras aulas de música; aos oito anos, passou a estudar piano com Otto Franz Cossel – o pai espera que, com o tempo, o menino se torne um virtuose desse instrumento.


Johannes queria dedicar-se à composição, além do piano, mas foi impedido pelo pai e pelo mestre Cossel; o piano exigia muita dedicação do aluno. Johann Jakob queria que o filho viesse ganhar dinheiro como pianista, e, para isso, queria que aprendesse a conviver com os rigores e o empenho que a profissão de músico exigia; e, para tanto, levou-o a tocar em bailes e em concertos populares.


Aos dez anos, Johannes havia avançado muito na educação musical, fato que levou o professor Cossel a aconselhar ao Sr. Brahmes a encaminhá-lo a um professor mais experirente. Johannes passou a estudar harmonia e composição, além do piano, com o conceituado músico erudito Eduard Marxsen. O mestre exigiu dele forte disciplina, ensinou-lhe o valor do estudo metodizado, e o essencial da música: o interior, que se opõe à exterioridade supérflua.


Já adolescente, por volta de 1845, Johannes Brahmes tocou em tavernas, em festas, fez orquestração para bandas e lecionou. Aos quinze anos, deu o seu primeiro recital, em Hamburgo, no qual obteve grande sucesso. Num outro recital, em 1849, Brahms apresentou peças de Beethoven, Bach e Mendelssohn. Marxsen, no entanto, impediu que o jovem Brahms fazesse novos recitais, para que seus estudos fossem concluídos com êxito, como ocorreu em 1852.


No ano de 1853, Brahms chegou a Düsseldorf, onde conheceu o compositor Robert Schumann e sua esposa Clara Schumann, exímia pianista. Clara passou a ser a sua melhor amiga, que o acompanhou na sua trajetória até a celebridade. Robert Schumann contibuiu muito para o êxito que viria alcançar, bem como anteviu a celebridade de Brahms. Depois que Robert Schumann faleceu, em 1857, o jovem Brahms passou a dedicar grande parte de seu tempo à viúva e a seus filhos.
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Na correspondência que manteve com Clara Schumann, Brahms externou-lhe a sua admiração, e possivelmente pensou em casar-se com ela; mas, em lugar dessa união, solidificou-se uma profunda e duradoura amizade entre ambos. (Boatos existiam sobre esse relacionamente entre Brahms e Clara.) Clara Schumann esteve sempre presente na vida de Brahms; sempre que o compositor precisava buscar alívio para os seus sofrimentos, ia para junto de Clara.

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No ano de 1859 Brahms dedicou-se, por pouco tempo, aos corais em Hamburgo e Detmold, alternando-se na direção de um e outro. Dessa data até 1862 concentrou-se na composição e edição de novos trabalhos. No final desse ano, mudou-se para Viena, onde era cultuada a música antiga, que lhe convinha, porque estava bem afastada da “música do futuro”, que era representada pelas óperas de Wagner, que dominavam a Alemanha. O primeiro recital de Brahms, na capital austríaca, deu-se com êxito, em 1863, no qual apresentou os seus lieder. Aí, assumiu a Diretoria da “Academia do Canto” da cidade.

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Todo entusiasmo de Brahms, com o êxito obtido em Viena, sofreu um forte abalo com a notícia que recebeu da Alemanha sobre a morte de sua mãe. A depressão que lhe acometeu levou-o a abandonar os trabalhos iniciados, os contratos de aulas e as excursões programadas. Então, refugiou-se na amizade de Clara Schumann, na cidade de Baden-Baden, onde residia a pianista. Mais tarde, em 1872, Brahms retornou a Baden-Baden para, junto de Clara, consolar-se pela morte de seu pai.


Por volta de 1874, Brahms sentiu-se cansado pela seqüência contínua de composições, pelas excursões, pelos concertos e pelo tumulto em decorrência de sua fama. Então, procurou uma casa nos arredores de Zurique, para escrever uma sinfonia que tinha em mente – precisa de tempo e sossego para concluir seu projeto, pois tinha grande respeito por esse gênero da música erudita. Mas, desenvolveu a sinfonia em outra casa, em Heidelberg; e somente conseguiu concluí-la junto de Clara Schumann, em Baden-Baden, onde oncontrava a verdadeira paz. (No ano de 1876, sua Primeira Sinfonia estreiou com grande sucesso, em Karlsruhe.)


Com sua Segunda Sinfonia, ocorreu fato semelhante à primeira: Brahms iniciou-a em Portscharch, na Áutria, mas a sua conclusão deu-se perto de Clara Schumann, na pequena cidade de Lichtental, próxima de Baden-Baden. A Segunda Sinfonia consagrou definitivamente o gênio de músico de Brahms, na sua estréia, em 1877, pela Filarmônica de Viena. A Terceira Sinfonia foi concluída em Wiesbaden, Alemanha, durante o verão de 1883; com ela, Brahms solidificou o seu prestígio como sinfonista, e foi apludido até pelos adeptos Wagner e de Brukner. A Quarta Sinfonia foi iniciada no ano seguinte, e foi concluída após dois anos de trabalho; essa sinfonia tornou-se peça do repertório das orquestras europeias mais importantes.


Os músicos predilétos de Brahms eram Dvorák e Grieg. Músicas de outros compositores, gostava apenas de algumas peças de Bizet, Massenet e Saint-Säens. Quando era levado a falar sobre a música de Brukner, dizia com a franqueza que o caracterizava: “É um mistificador, que sofre da doença sinfônica e compõe sinfonias baseadas num blefe”. Sobre as novas figuras e inovações das correntes musicais modernas, Brahms dizia que sempre procurou melhorar sobre os alicerces do passado.
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Johannes Brahms continuava compondo, tocando e regendo. Recebe inúmeros títulos honoríficos. Marie Schumann, filha de Clara, escreveu-lhe, em 1896, para comunicar a doença da mãe, que inspirava cuidados; Brahms ficou prostrado com a notícia. Em maio desse ano, o compositor encontrava-se em Ischl, tratando de sua sáude, quando recebeu a comunicação da morte de Clara Schumann; imediatamente, viajou para Bonn, para vê-la pela última vez, antes que fosse sepultada.


A morte de Clara Schumann abalou a saúde de Brahms. Os médicos do compositor não lhe disseram que ele estava com câncer no fígado; assim, coninuou a freqüentar teatros, concertos e festas, até que suas energias ficaram esgotadas. No dia 3 de abril de 1897, Joahnnes Brahms morreu, deixando uma obra imortal, como legado à humanidade, com seus lieder, sua música de câmara, obras para piano, suas quatro sinfonias, aberturas, concertos, o seu Réquiem Alemão, e o seu Concerto Duplo para Violino e Violoncelo.




REFERÊNCIAS:
SOLÉ, Julian Viñuales. Os GranDes Mestres da Música Clássica. Edições Folio, Barcelona, Espanha, 1997, págs. 31-36.
THOMAS, Henry e Dana Lee. Vidas de Grandes Compositores. 5ª ed. Rio de Janeiro: Editora Globo, 1956.
PETIT LAROUSSE. Dictionnaire Encyclopédique pour tous. 24ª tirage. Paris: Librairie Larousse, 1966.

11 comentários:

  1. Gosto de música mas nunca fui educado com grandes conhecimentos de orquestras e compositores.
    Estou feliz por te viajado no tempo e ter ido para além de Mozart, Beetowen.
    Parabéns por esta postagem.
    Nem todos nascem com dons musicais.

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  2. Também gosto eu de Saint-Saëns e Dvorák...

    Estes virtuosos nos faz adentrar ao paraíso, Pedro.

    Muito belo e bem lembrado post - os eruditos da música - que hoje está infectada de má qualidade.

    Beijinhos

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  3. Anônimo17:30

    Oi Pedro,

    Será que você poderia ler o meu post que publiquei? Talvez você possa me ajudar. Desde já, obrigada.

    Beijos,
    Ana Lúcia.

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  4. Anônimo23:15

    Oi Pedro,

    Pois é como já deve saber (do meu perfil), também sou Advogada como você, contudo, meu querido amigo, eu me vi de mãos atadas nesse meu caso.

    Bom, diante de algumas respostas, boas por sinal, que já me enviaram, eu acrescento que a sede da Empresa fica em Israel e o meu vendedor é de uma call center, de lá mesmo. Ademais, há filiais da Babylon em alguns outros países, mas só europeus. Enfim, penso eu que a melhor medida, seja eu procurar reaver o meu dinheiro, do modo como o Flávio me explicou e que você mesmo achou interessante acatá-la.

    Beijos e muito agradecida,
    Ana Lúcia.

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  5. Anônimo23:22

    Bom eu fiz 06 anos, não consecutivos, de piano clássico. Mas confesso que não sei muito da vida dos compositores. Por sinal, eu tenho um primo que mora na capital, São Paulo, e viaja pelo Brasil para tocar órgãos nas catedrais. Ele está se formando para Maestro e toca divinamente, inclusive em meu piano, que ele diz sempre não estar bem afinado...rsrss

    Beijos,
    Ana Lúcia.

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  6. Olá Pedro!
    Obrigada npor visitar meu recanto.
    Muito interessante seu blog...gostei muito. Beijos na alma!

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  7. Como sempre, posts interessantes e repletos de cultura!
    Bjkas!

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  8. Anônimo00:14

    Pedro...
    uma lição...e um incentivo para mim o seu texto...e seu blog...
    isso que é pesquisa e referência...
    parabéns...
    beijo
    Leca

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  9. Anônimo18:04

    Olá, Pedro Luso de Carvalho.
    Belíssimo seu post. Adoro piano e músicas clássicas, como a dos grandes mestres que você mencionou, Brahms, Beethoven, Bach, Mendelssohn, Schumann, Dvorák, Grieg, Massent... nos deixam absolutamente extasiados, tamanha a grandiosidade de suas obras.
    Adorei os preciosismos quanto a biografia de Brahms. Fascinante.
    Os grandes mestres já nascem com um dom especial, um talento incrível.
    E nada mal, ouví-los para relaxar, depois do fórum, não é mesmo, meu amigo?!

    Um bom final de semana

    Beijos de luz e paz

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  10. Bom dia, Pedro. Novamente aqui, li o final da postagem referente ao Zola, e agora esta sobre Brahms. Sempre interessante ler sobre a biografia dos gênios da criação e sensibilidade. Especialmente reveladora da alma sensível do compositor foi a sua ligação com a mãe, e muito bonita sua amizade com a Clara.

    Teu blog está ótimo. Vou visitar também o espaço da Taís, e aprender sobre os pintores. Vocês dois formam uma excelente dupla cultural.
    Grande abraço, meu amigo.

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  11. Boa noite Pedro,
    Sou compositora clássica e "descobri" seu blog...
    Parabéns pela sua alma artística!

    Abraços,
    Nirma Regina

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Obrigado a todos os amigos leitores.
Pedro