27 de fev. de 2014

SACCO & VANZETTI – Um Erro Irreparável



  
– PEDRO LUSO DE CARVALHO

No dia 23 de agosto de 1927, nos Estados Unidos, Sacco e Vanzetti foram executados na cadeira elétrica, por um crime que não cometeram. Nos autos do processo, nenhuma prova da autoria do crime. Sete anos, foi o tempo que a justiça levou para condená-los, a contar do recebimento da denúncia do promotor de justiça pelo juiz.
Nesse lapso de tempo, protestos da comunidade intelectual norte-americana se sucediam, inconformada com a sentença condenatória dos dois humildes italianos. Milhares pedidos de clemência foram encaminhados por eles, aos quais se somaram tantos outros pedidos do mundo inteiro. Mas, tudo foi inútil. A sentença condenatória teria de ser cumprida para servir de exemplo ao povo, para que se distanciasse do anarquismo e do comunismo.
Depois que foi publicada a sentença condenatória de Sacco e Vanzetti, que culminou com a morte de ambos na cadeira elétrica, o sonho americano de uma sociedade justa e igualitária encontrava-se por terra. Aí, começaria o desencanto de parte do povo sensível à justa aplicação da justiça e do tratamento igualitário de seus cidadãos.
Um reconhecido nome da literatura estadunidense, Katherine Anne Porter, autora de A Nau dos Insensatos, livro que se tornou best-seller, entre outras obras, e que também foi publicado no Brasil, , fez parte de comitês de protestos, e escreveu The Never Ending Wrong, que aqui recebeu o título de Sacco e Vanzetti: Um Erro Irreparável, traduzido por Sebastião Uchoa Leite (Rio de Janeiro: Salamandra, 1978).
Katherine Anne Porter inicia assim o seu livro:
Durante alguns anos, no início da década de 1920, quando eu vivia parte do meu tempo no México, cada vez que voltava a New York eu retomava o fio da estranha história dos imigrantes italianos Nicola Sacco, um sapateiro, e Bartolomeo Vanzetti, um peixeiro, acusados de um assalto brutal a um caminhão de pagamentos, incluindo homicídio, em South Braintree, Massachuseetts, no começo da tarde do dia 15 de abril de 1920.
O sofrimento desses dois italianos, que também eram vistos como anarquistas, começou no ano de 1921, quando, após a condenação de ambos nesse mesmo ano, foram levados para a cela da morte, de onde entravam e saiam, quando havia suspensão da pena, até o dia fatal, como conta Katherine Anne Porter, no seu livro:
Foram levados para a morte na cadeira elétrica na prisão de Charleston à meia-noite do dia 23 de agosto de 1927. Uma meia-noite desolada e sombria, uma noite para a perpétua recordação e luto. Eu era uma das muitas centenas de pessoas que permaneceram em ansiosa vigília, observando a luz na torre da prisão, que nos tinham dito que se apagaria no momento da morte. Foi um momento de estranho e profundo abalo.
E aí termina a triste história de Bartolomeo Vanzetti, que nasceu em Piemonte, Itália, em 1888, e de Nicola Sacco, que nasceu na província de Foggia, no sul da Itália, em 1891. Vanzetti morreu com 39 anos de idade, e Sacco com 36 anos.
E, para quem se interessar pela história completa deles, poderá ler esta obra de Katherine Anne Porter, Sacco e Vanzetti: Um Erro Irreparável, ou assistir ao excelente filme: Saco e Vanzetti, filmado na Itália, em 1971, e dirigido por Giuliano Montaldo, com interpretação de Gian Maria Volunté e Ricardo Cucciolla nos papéis-título; estes ganharam o prêmio de melhor interpretação no Festival de Cannes. A canção título é interpretada por Joan Baez. O filme esteve proibido no Brasil, por vários anos, pela censura da Ditadura Militar.


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10 comentários:

  1. Pedro

    A balada que acomoanha o filme sobre a história de Sacco e Vanzetti,além da maravilhosa composicão e interpretação de Joan Baez,também foi gravada em francês por Georges Moustakis,conheces?

    http://www.youtube.com/watch?v=tHeZy9821ks

    Lindo teu texto, esse episódio,junto com o caso Dreyfus é uma das vegonhas da História.

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  2. Pedro Luso

    Li a história de Sacco e Vanzetti, há bastante tempo. De modo que gostei de avivar a memória, visto que casos de julgamentos, ou polciais interessam e debruço-me eles.

    A justiça devia ser sempre cega e não olhar a conveniências políticas, econòmicas, ou de qualquer ordem.

    Daniel

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  3. Uma coisa que nos leva a uma reflexão profunda: Nicola Sacco somente no julgamento apresentou seu álibi: ele, que faltara ao serviço no dia do crime, disse ter estado no consulado italiano na hora e dia do crime. Por que não disse isso já durante os interrogatórios policiais ? E tem mais: esse álibi foi desmontado pelo procurador Katzmann. Ou Sacco era culpado ou ficou o tempo todo mentindo para proteger outro anarquista. Sim, porque ao que parece havia também entre os anarquistas uma lei do silêncio. Um anarquista não denunciava outro em nenhuma hipótese. Já Vanzetti disse a verdade quando alegou estar vendendo peixe em Plymouty na hora do crime. Mas seu advogado de defesa fez a trapalhada de arrolar somente testemunhas de origem italiana para testemunhar esse fato.

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  4. Anônimo20:19

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    Passei aqui para saber um pouco mais dessa triste história, meu filho ator formado à uns 5 anos, está estreando uma peça no Teatro Utopia no Cas do Porto, onde ele faz o papel de Vanzetti, fui assistir e saí de lá arrasada, que história horrível, que infelizmente ainda acontece parecido em todo mundo. É um trabalho muito lindo e talentoso de toda equipe. Meche muito com nossos sentimentos.

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    1. Cláudia Regina:
      Espero que o seu filho e os demais atores tenham êxito com essa peça sobre Sacco e Vanzetti.
      Sem dúvida, trata-se de um tema muito forte, que tem por finalidade denunciar a injustiça feita a eles.
      Obrigado pela visita.
      Abraço.

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  6. Anônimo20:30

    Assistir uma peça dia 13/04/14 no teatro Armazem Utopia no Cais do Porto sobre esta história, fiquei indignada, é uma história muito triste, que infelizmente ainda acontece, parecido, fui à esse teatro porque meu filho faz o papel de Vanzetti, fiquei arrasada só assistindo, imagino a dor desses pais e familiares em geral.

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    1. Cláudia regina, espero que seja bem divulgada essas apresentações no teatro Armazém Utopia, no Cais do Porto. Parabéns ao seu filho, que interpreta na peça a personagem de Vanzetti.
      Um abraço e um bom final de semana.

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  7. A Companhia Ensaio Aberto Está novamente em cartaz com o espetáculo Sacco e Vanzetti. Hoje, o espetáculo grita ainda mais, por causa da situação política do país. Compareçam todos ao Armazém da Utopia, no Cais do Porto do Rio de Janeiro. Caro Pedro Luso, caso venha ao Rio é nosso convidado especial.

    Grande abraço

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    1. Obrigado, Raphael pelo convite.
      Desejo êxito ao espetáculo Sacco e Vanzetti, em cartaz no Armazém da Utopia, no Cais do Porto do Rio de Janeiro.
      Grande abraço.

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Obrigado a todos os amigos leitores.
Pedro