17 de mar. de 2009

HEITOR VILLA-LOBOS

. . por Pedro Luso de Carvalho .
Diz Bruno Kieffer, em Villa-Lobos e o Modernismo na Música Brasileira, que "Não poder haver dúvida: foi Raul Villa-Lobos, pai do compositor, quem deu impulso inicial e decisivo para a formação musical do jovem Heitor. O próprio compositor, já famoso, declarou em rápida autobiografia: “Meu pai, além de ser um homem de aprimorada cultura geral e excepcionalmente inteligente, era um músico prático, técnico e perfeito. Com ele, assistia sempre a ensaios, concerto e óperas, a fim de habituar-me ao gênero de conjunto instrumental”. . Quando Fernando Lopes Graça, conhecido compositor e musicólogo português, perguntou, em entrevista, ao autor dos Choros: - Quais os mestres por quem se sente devedor na formação da sua arte e da sua personalidade? – Sou devedor ao meu pai da minha formação da arte e da minha personalidade. Não posso, no entanto, deixar de reconhecer o quanto me interessam J. S. Bach, Florent Schmitt e Stravinski. O conhecimento de obras dos dois últimos compositores, deu-se somente por ocasião da primeira estada de Villa-Lobos na Europa (Paris, 1923/24). .
Sylvio Salema Garção Ribeiro (compositor, cantor e crítico musical de A Noite, Rio), que conheceu Villa-Lobos desde 1910, dá o seguinte depoimento: “Heitor teve boa base, aprendeu com o pai a ler música e a tocar violino (sic). Da biblioteca de seu pai guardou um Tratado de Harmonia do Padre Moura e de Durant, em francês, língua que aprendeu não sei com quem, mas sabia ler e falar”. E ainda: “Sua família era sócia do Clube Sinfônico que realizava concertos...” .
O instrumento do pai era o violoncelo. Como o dele era grande demais para o menino, Raul teve a idéia de adaptar um espigão a uma viola. Heitor podia agora estudar num “violoncelo” de tamanho adequado, só que tudo soava oitava acima... Mais adiante aprenderia também a soprar clarinete sob orientação do pai. Nota-se que Raul Villa-Lobos tinha acentuado interesse na educação musical de Tuhu, como era apelidado o pequeno Heitor. . .
Na casa dos Villa-Lobos cultivava-se não somente a música individual. Segundo Vasco Mariz, um dos biógrafos de Heitor: “Nomes respeitados na época freqüentavam-lhe a casa com assiduidade e organizavam-se em grupos de câmara fazendo música até altas horas da noite. Tal hábito, que durou anos, influiu decisivamente na formação da mentalidade de tuhu. Cultivou o gosto musical naquela atmosfera, conheceu de tudo e de todos, acumulou considerável experiência. (...) Data de seus oito anos o interesse por Bach (...) Responsável por essa nova predileção foi a tia Zizinha, boa pianista e entusiasta do Gravo Bem Temperado. E o pequeno Heitor extasiava-se diante dos prelúdios e fugas que a tia lhe tocava”.
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Villa-Lobos recebera na infância a influência dos autores clássicos e românticos, quer na casa paterna, quer nos recitais e concertos aos quais assistia. Em 1899, Heitor tinha então doze anos, quando seu pai faleceu. Daí em diante, a vida de Villa-Lobos seria radicalmente diferente.
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Heitor Villa-Lobos nasceu no dia 5 de março de 1887, no Rio de Janeiro, onde morreu, no dia 17 de novembro de 1959.
REFERÊNCIA:
KIEFFER, Bruno. Villa-Lobos e o Modernismo na Música Brasileira - Movimento/MinC/ Pró-Memória – Instituto Nacional do Livro – Porto alegre: Editora Movimento, 1986, págs. 17/19.
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8 comentários:

  1. Pedrito

    Não há nada como realmente...

    Era eu miúdo, fui com os meus Pais ao Brásiu e um Amigo deles convidou-nos para sua casa, onde reuniu uns poucos convidados, por via da visita portuga. Entre eles, estava Villa-Lobos. Eu tinha 12 anos, era 1953, e o tal Amigo era um senhor Carlos Andrade, também Drummond, que me mostrou que da sua janela se via o calçadão...

    O que a danada da vida nos proporciona... Nunca mais veria o Villa-Lobos; mas o tal Carlos, com esse, felizmente, ainda conversei mais vezes - e mais vezes vi da sua janela o «seu» calçadão...

    Abs

    PS - Quando vais lá à Minha Travessa?...

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  2. Tantas pessoas apontam ícones tão medíocres e até idolatram, e vem você com tanta sutileza a apontar um verdadeiro expoente, e, também, não se pode esquecer, um exemplo de educação familiar a ser seguido por todos que amam seus filhos.

    É isso. Você foi mister.

    Abraços

    Roberto Ramos

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  3. Olá, Pedro! Vim te visitar e gostei muito de saber certas curiosidades a respeito deste grande compositor brasileiro...A influência positiva da família - o pai sempre incentivando - chegou a daptar um instrumento para o pequeno tocar! A tia pianista...
    Já tive oportunidade de ouvir ao vivo, interpretadas por excelentes orquestras aqui de Porto Alegre (OSPA, Orquestra de Câmara da Ulbra, Orq. Câm. do T. São Pedro), algumas de suas mais conhecidas peças: várias Bachianas, o Trenzinho Caipira...
    Abraços!

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  4. Pedro Luso

    Fiquei a conhecer, um pouco mais da biografia de Villa-Lobos, um músico que espalhou o perfume do seu inegável talento.
    Obrigado,
    Daniel

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  5. Olá,

    Fiquei a saber mais um pouco sobre um compositor que muito aprecio.
    Obrigado.
    Abraço

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  6. Pedro, muito bom divulgar as boas coisas nossas, e você o faz muito bem.
    Um abraço.

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  7. Anônimo19:12

    Obrigado amigo. Abraços e sucesso.

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  8. Fernando Lopes Garcia, musicólogo português?
    Não haverá lapso?
    Deve ser "Fernando Lopes Graça", músico eminente, compositor, além de musicólogo...

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Obrigado a todos os amigos leitores.
Pedro