13 de ago. de 2010

JAMES JOYCE – PARTE I



por PEDRO LUSO DE CARVALHO

James Augustine Aloysius Joyce nasceu a 2 de fevereiro de 1882, em Dublin, Irlanda, e morreu no dia 13 de janeiro de 1941, em Zurique, Suíça. As principais obras de James Joyce são: Stephen Hero, escrito nos anos de 1904-1906, cuja publicação deu-se somente em 1944, após a morte do escritor; Retrato de um artista quando jovem (1916), Ulisses (1920), Finnegans Wake (1939); Dublinenses, livro de contos (1914); Exilados, peça de teatro (1918); Giacomo Joyce, obra poética (1907), publicada em 1968; Música de câmara, poesia (1907), Um tostão poesia (1927).
No verbete James Joyce, do Koogan Larouse, com Direção de Antonio Houaiss, membro da Academia brasileira de Letras, lemos: “Autor de duas narrativas dotadas de simbolismo múltiplo e cuja personagem principal é, definitivamente, a linguagem: Ulisses (1922), Finnegans Wake (1939). Joyce está nas origens das pesquisas da literatura moderna”.
O célebre escritor norte-americano Edmund Wilson, um dos mais importantes críticos literários, fala-nos de como Joyce escreveu Ulisses, a sua obra-prima, do ponto de vista formal, que se distancia do romance comum, no qual o escritor “negligencia a ação, narrativa e drama da espécie usual, inclusive o impacto direto de uma personagem sobre outra, conforme ocorre no romance comum, em favor de uma espécie de descrição psicológica”.
Edmund Wilson (in O Castelo de Axel) reconhece, no entanto, a grande vitalidade que há em Joyce, mas diz que há muito pouco movimento na sua narrativa, frisando que o romance é mais sinfonico que narrativo, e que se assemelha a Proust.
Sua ficção – diz Edmundo Wilson - apresenta progressões e desenvolvimentos próprios, mas estes são mais musicais que dramáticos. A peça mais esmerada e interessante de Dublinenses – o conto intitulado Os mortos – é o simples registro da modificação ocasionada, numa única noite, nas relações entre o marido e a esposa pelo fato de o homem se ter dado conta, merce do efeito produzido na mulher por uma canção ouvida numa festa familiar, de que ela fora amada outrora por outro homem; Retrato do artista quando jovem é apenas uma série de retratos do autor em estágios sucessivos de seu desenvolvimento; o tema de Exilados, a modificação suscitada nas relações de marido e mulher pelo reaparecimento de um homem que fora amante desta.
E Ulisses – prossegue Wilson -, por sua vez, a despeito de sua amplitude é tão somente a história de outra pequena mais significativa alteração nas relações de ainda outro casal, em consequencia da intrusão , em seu lar, da personalidade de um rapaz a quem a quem mal se conhecem. A maioria dessas histórias abrange um período de poucas horas, e nenhuma delas tem seguimento. Uma vez exploradas tais situações, uma vez restabelecido o pequeno reajuste gradual, Joyce fez tudo quanto lhe interessava fazer”.
Em Ulisses, Joyce relata um dia na vida de Leonard Bloom, filho de um judeu húngaro, em Dublin. Para escrever esse romance Joyce inspirou-se em Odisséia, poema épico de Homero. No meio dessa narrativa Joyce utiliza o que de melhor conhece na arte de escrever, “do fluxo de consciencia ao pastiche, e faz paródias com tudo que encontra pela frente, dos romances populares à poesia heróica irlandesa. O romance foi criticado pelo excesso de virtuosismo. Mas quando entre as imitações de uma obra aparecem criações literárias tão importantes quanto Mrs. Dalloway, de Virginia Woolf, Terra desolada, de T.S. Eliot, por exemplo, tais críticas demonstram ser, de certa forma , academicos. Mesmo os detratores do romance precisam reconhecer que existem poucas obras de literatura inglesa, à exceção daquelas de William Shakespeare, cuja repercussão tenha sido mais significativa e duradoura”. (in Grandes Escritores, editor geral Julian Patrick).
Na próxima postagem continuaremos a falar sobre a obra de James Joyce - Retrato de um artista quando jovem, Ulisses, Finnegans Wake, Dublinenses, entre outros livros - e também da vida do escritor.
Para ler a continuação deste texto, clique em JAMES JOYCE - Parte II.



REFERENCIAS:
WILSON, Edmund. O Castelo de Axel. Tradução de José Paulo Paes. 2ª ed. São Paulo: Companhia Das Letras, 2004.
GOLDBERG, S.L. Joyce. Tradução de Francisco da Rocha Guimarães. Rio de Janeiro: Editora Civilização Brasileira, 1968.
LAROUSSE, Koogan. Pequeno Dicionário Enciclopédico. Direção de Antônio Houaiss. Rio de Janeiro: Editora Larousse do Brasil, 1979.




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