14 de ago. de 2017

MOZART - Parte III


                   – PEDRO LUSO DE CARVALHO
No texto sobre a vida e a obra de Mozart, dissemos, na última postagem (segunda parte), que a família MOZART foi recepcionada em Londres pelo Rei Jorge III, e que o menino Wolfgang tocou para o monarca; e que Wolfgang e Nannerl foram recebidos pela elite londrina com grande entusiasmo nos inúmeros recitais que deram.
Dissemos, ainda, que Leopold, que se encontrava doente, deixou Londres com os filhos para repousar em Chelsea, onde Wolfgang conheceu Johann Christian Bach, filho mais novo de Johann Sebastian Bach (Christin Bach estava com 28 anos de idade).
Embora fosse grande a diferênça de idade entre eles, Wolfgang e Christin Bach tornaram-se amigos. E foi por intermédio de Christin Bach que Wolfgang teve a oportunidade de conhecer a produção contemporânea de ópera, música sinfônica e música de câmara. Também teve o ensejo de assistir às solenes apresentações das obras de Haendel.
Nas cinco sonatas e nas duas sinfonias que Wolfgang Amadeus Mozart escreveu nessa época, no início de 1764, transparece claramente a influência que sofreu de Johann Christian Bach e de Haendel.
No outono de 1764, o esquecimento viria mais uma vez - como já acontecera em Viena -, em virtude de Leopold ter se retirado de Londres para tratar de sua saúde. Embora já restabelecido, tentou inutilmente obter novos recitais para Wolfgang e Nannerl. Para a família Mozart, todo o êxito até então obtido passou a ser coisa do passado.
Leopold compreendeu então que deveria deixar Londres, o que foi facilitado em razão do aconselhamento do embaixador da Holanda, junto à Côrte de Jorge III. Já nos Países-Baixos, mais propriamente em Haia, Wolfgang compôs duas árias, um madrigal para vozes mistas, uma sonata e uma sinfonia.
Da Holanda a família Mozart empreendeu novamente as excursões, e levaram a efeito apresentações em Gand, Antuérpia, Haarlem, Amsterdam, Utrecht, Malines e Vallencienes. Depois estiveram mais uma vez na França: Paris Dijon e Lyon, Daí foram para a Suíca; suas apresentações se deram em Genebra, Lausanne, Berna, Zurique e Schaffhausen.
E, uma vez de volta a Salzburg, Leopold e os filhos, Wolfgang e Narnnerl, estiveram ainda em Biberach, Ulm, Augsburgo e Munique. O retorno à casa deu-se em 1765. A jornada de Wolfgang no exterior fez com que aumentasse muito sua produção musical.
De volta à sua casa, longe de compromissos com apresentações, encontrou tempo e sossêgo para compor mais ainda; e teve mais tempo para estudar, sob a orientação de seu pai. Em 1766, Wolfgang Mozart compôs: seis sonatas, três peças sacras, uma cena para orquestra e duas séries de variações para cravo: a primeira sobre a ária “Laatons Juichen” de Graff e a outra baseada na canção de “Guilherme de Nassau”.
No ano seguinte, setembro de 1767, Leopold e seu filhos, Wolfgang e Nannerl, retornaram a Viena. Wolfgang estava com onze anos de idade. Justamente nessa época, a capital estava tomada pela varicela. Por precaução, a família retirou-se para a propriedade do Conde Podstsky, na região de Olmutz, mas mesmo assim os irmãos foram acometidos pela doença.
Em princípio de 1978 a família Mozart regressou a Viena. O propósito de Leopold de levar a efeito novos recitais, com o esperado êxito e o consequente lucro, como já acontecera em outros importantes centros europeus, foi frustado, uma vez que não obteve o apoio dos imperadores.
Essa estada em Viena, sem o êxito esperado, deu, no entanto, grande proveito a Wolfgang pelas relações travadas com o famoso librelista Metastásio, e por ter tido a oportunidade de conhecer o Dr. Mesmer, famoso por seus conhecimentos de ocultismo e pela prática da hipnose. Wolfgang também conquistou a simpatia do Príncipe Arcebispo de Salzburgo, que foi por ele contratado para servir na Capela Arquiepiscopal.
Depois, com licença do arcebispo, Wolfgang e o pai partiram para a Itália, o país da ópera. Aí os grandes mestres cultivavam a música vocal. Wolfgang visitou várias cidade, passando quase despercebido.
Embora pouco notado, em 5 de janeiro de 1770, obteve grande êxito num recital que deu na Academia Musical de Verona. Nessa época Wolfgang estava com catorze anos de idade. A Academia prestou ao jovem Mozart uma importante homenagem elegendo-o Mestre de Capela Honorário da Instituição.
Na rápida estada de Wolfgang e de Leopold em Milão, o jovem músico submeteu-se a um teste para o sinfonismo classicista, que florescia na Alemanha e na Áustria. A junta era compostas por importantes músicos milaneses, entre os quais Giovanni Battista Sammartini, um dos construtores da sinfonia e o principal responsável pela transposição das formas instrumentais barrocas, herdadas da tradição italiana, representada por Corelli, Torelli e Vivaldi.
Na próxima postagem, continuaremos com a vida e a obra de Wolfgang Amadeus Mozart.
Para acessar a primeira parte deste trabalho, clicar em MOZART – Parte I


REFERÊNCIAS:
ANSTETT, J. Ph. Galeria de Homens Ilustres. Rio de Janeiro: Laemmert, 1905.
MASSARANI, Renzo. Grandes Compositores da Música Universal, nº 20. São Paulo: Abril Cultural, s/d.


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Um comentário:

  1. Quando se escuta a obra do grande Mozart, parece-nos que o sucesso chegou fácil, por um caminho que seria natural. Mas não foi assim. Por esta postagem temos conhecimento que ele lutou bastante, com ajuda tenaz do pai e ambos, vencendo muitas dificuldades!
    Maravilhoso este artigo.
    Beijo
    Graça

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Pedro