
por Pedro Luso de carvalho
Arnold Joseph Toynbee (1889-1975), que se tornou conhecido por sua obra prima A Study of History, escreveu um livro excelente, nascido pelos diálogos que manteve com o professor Wakaizume, da Universidade Sangyo, Kyoto, do Japão, A Sociedade do Futuro (Surviving the Future), Essa obra do mestre da historiografia moderna, composta por sete ensaios, com cada um deles explorando a pergunta inicial que lhe foi feita por Wakaizume sobre a configuração futura do mundo, foi publicada no Brasil em 1976, já na sua 3ª ed., pela Zahar Editores, com tradução de Celina Whately.
Escolhemos, dentre os sete ensaios que compõe A Sociedade do Futuro, para esta publicação, trechos do primeiro ensaio, intitulado ‘O Sentido da Vida’, págs. 13-20, que se inicia com a pergunta que o professor Wakaizume faz a Arnold Toynbee:
WAKAIZUME: "A ciência aplicada à tecnologia tem produzido diversas, complexas e revolucionárias transformações em nossa vida. A rapidez com que se processam faz com que se torne cada vez mais difícil analisá-las. A sociedade que durante milhares de anos foi agrícola, pastoril e rural está-se tornando industrial e urbana. A conseqüente confusão, pressão e tensão que sofremos hoje em dia leva-nos a reconsiderar a questão fundamental do significado e do objetivo da vida. Para que vivem os homens?"
TOYNBBE: "A confusão, a pressão, as complicações e as rápidas transformações da vida moderna refletem-se sobre toda a humanidade e principalmente sobre os jovens. A juventude deseja encontrar o seu caminho, entender o sentido de viver, compreender as circunstâncias com que se defronta. Para que vivem os homens? Essa pergunta que aflige mais aos jovens persegue, entretanto, a todos, em qualquer idade.
Eu diria – continua Toynbee –que o homem deveria viver para amar, compreender e criar. Deveria empregar toda sua habilidade e força sacrificando-se, se necessário fosse, para a consecução desses três objetivos. Qualquer coisa valiosa pode exigir sacrifícios e se você considerá-la valiosa estará preparado para o sacrifício.
Pessoalmente eu acredito – diz Toynbee – que o amor seja um valor absoluto, aquele que dá significado à vida humana e à de algumas espécies de mamíferos e pássaros que, como nós, a meu ver, vivem para o amor. Também acredito (embora saiba que isso não possa ser demonstrado) que o amor que nós conhecemos através de experiências concretas de seres humanos no nosso planeta está presente da mesma forma que um espírito maior, transcendental. O amor pode, e efetivamente às vezes o faz, gerar um amor retributivo. Sabemos, por experiência própria, que quando isso ocorre o amor se expande e se espalha. Entretanto, o amor também pode defrontar-se com a hostilidade e então exigirá um auto sacrifício, mesmo que não vejamos nenhuma possibilidade da hostilidade se transformar em amor”.

Sempre o amor...
ResponderExcluirBoa dica, Pedro!
Obrigado!
Olá Pedro
ResponderExcluirMais um post fabuloso!
Como bem referes, através dos autores que hoje nos trouxeste, vivemos numa sociedade em que o acesso, a mobilidade e a capacidade de efectuar mudanças, são as características que tornarão o futuro tão diferente do presente. O acesso ilimitado à informação sem qualquer controle pedagógico, pode conduzir-nos a uma espécie de ilusão de óptica, em que a grande quantidade de informação vem substituir o conhecimento e, pior ainda, a sabedoria da vida.
Assim, saibamos contornar esta tendência impessoal e solitária que tudo uniformiza como se fosse um molde deselegante, com o amor! Aquele incentivo poderoso que serve de trampolim a grandes feitos.
Como dizia Naisbitt na sua identificação das megatendências actuais, a frieza das altas tecnologias impõe uma contrapartida indispensável de calor humano: quanto mais tecnológica é uma sociedade, mais necessita de compensações ao nível dos valores humanos e da afectividade.
Um beijo!
Eu particularmente concordo com o Tonybee, embora ache que, amar, compreender e criar são três atribuições que não requerem tanto sacrifício, inclusive, dependendo da intensidade, com certeza o amor se tornará retributivo.
ResponderExcluirFiquei muito feliz com a tua visita e o teu comentário. Volte sempre.
Abraços,
Furtado.
Além dos textos também me quedei
ResponderExcluira admirar a fotografia do cabeçalho.
Deve ser bem bonita, a cidade!
Abração
Senhor Pedro:
ResponderExcluirProcurei em algumas livrarias esse livro de Arnold Joseph Toynbee, mas não tive a sorte de encontrá-lo. Vou tentar em livrarias de livros usados, ou então tentar encomentar pela livraria Saraiva.
Att.
De facto só o Amor, em todas as suas vertentes pode contrariar os flagelos da intolerância, da indiferença e do abuso de poder que perturbam o exercício social contemporâneo. Só por essa via o mundo poderá mudar...
ResponderExcluirSó o Respeito e o Amor pela natureza permitirá que haja mundo para poder mudar.
Um abraço.