[ESPAÇO DA CRÔNICA]
DIÁLOGO
– PEDRO LUSO DE
CARVALHO
Quando
vemos duas ou mais pessoas conversarem nossas mentes registram a
existência do diálogo. É pelo diálogo que as pessoas fazem a
troca de ideias. É ele o meio mais amigável e eficaz para essa
permuta. O mesmo não se dá com o discurso, que serve unicamente
para o orador transmitir as suas próprias ideias.
Para
a pessoa que tem a compulsão de falar, o diálogo é quase
impossível. Pensa ela estar conversando quando, na realidade, está
mais próxima do discurso. Ela necessita de alguém para ouvir o que
tem para dizer, pois não tem o dom do diálogo. Ela não tem ideias
para trocar, mas pensa que terá muito para ensinar.
Existem
muitas pessoas assim, que ao invés de conversarem defendem teses
intermináveis diante de quem os ouve. Mais ainda: elas não gostam
de ser interrompidas quando falam, embora afirmem que querem apenas
conversar. Despidas de autocrítica, pensam ter mais cultura e
vivência que todos.
O
discurso exige lugar adequado e plateia que se disponha a ouvir o
orador sobre determinado assunto; bastante diferente, pois, da
conversa entre amigos ou de negócios. O diálogo propiciará êxito
em qualquer assunto, uma vez que se fala melhor quando se tem o
cuidado de ouvir o que tem a dizer o seu interlocutor.
A
pessoa que fala compulsivamente, que não dá atenção com quem
conversa, que não se dispõe a ouvir as ideias de uma ou mais
pessoas dificilmente terá amigos. Os projetos de amizade não irão
longe. Não são muitas as pessoas que se dispõem a servir de meros
ouvintes para engordar o ego da pessoa faladora.
Não
aprenderão, essas pessoas, a dialogar. Sentem-se o centro do mundo,
mas por não dialogarem, os que com eles conversam logo estarão em
fuga. Ficarão para ouvi-los apenas os enganadores, que nada tem a
perder; estes estarão sempre dispostos a ouvir o falastrão, desde
que haja alguma vantagem, como recompensa.
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