24 de jan. de 2008

[crônica] PEDRO LUSO – Diálogo






 [ESPAÇO DA CRÔNICA]


   DIÁLOGO
      – PEDRO LUSO DE CARVALHO


Quando vemos duas ou mais pessoas conversarem nossas mentes registram a existência do diálogo. É pelo diálogo que as pessoas fazem a troca de ideias. É ele o meio mais amigável e eficaz para essa permuta. O mesmo não se dá com o discurso, que serve unicamente para o orador transmitir as suas próprias ideias.
Para a pessoa que tem a compulsão de falar, o diálogo é quase impossível. Pensa ela estar conversando quando, na realidade, está mais próxima do discurso. Ela necessita de alguém para ouvir o que tem para dizer, pois não tem o dom do diálogo. Ela não tem ideias para trocar, mas pensa que terá muito para ensinar.
Existem muitas pessoas assim, que ao invés de conversarem defendem teses intermináveis diante de quem os ouve. Mais ainda: elas não gostam de ser interrompidas quando falam, embora afirmem que querem apenas conversar. Despidas de autocrítica, pensam ter mais cultura e vivência que todos.
O discurso exige lugar adequado e plateia que se disponha a ouvir o orador sobre determinado assunto; bastante diferente, pois, da conversa entre amigos ou de negócios. O diálogo propiciará êxito em qualquer assunto, uma vez que se fala melhor quando se tem o cuidado de ouvir o que tem a dizer o seu interlocutor.
A pessoa que fala compulsivamente, que não dá atenção com quem conversa, que não se dispõe a ouvir as ideias de uma ou mais pessoas dificilmente terá amigos. Os projetos de amizade não irão longe. Não são muitas as pessoas que se dispõem a servir de meros ouvintes para engordar o ego da pessoa faladora.
Não aprenderão, essas pessoas, a dialogar. Sentem-se o centro do mundo, mas por não dialogarem, os que com eles conversam logo estarão em fuga. Ficarão para ouvi-los apenas os enganadores, que nada tem a perder; estes estarão sempre dispostos a ouvir o falastrão, desde que haja alguma vantagem, como recompensa.


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