– PEDRO LUSO
DE CARVALHO
PABLO
NERUDA é o nome do poeta que se tornou mundialmente conhecido. O nome do
cidadão chileno é outro: Ricardo Eliecer Neftalí Reyes Basoalto. Vê-se que foi
providencial a escolha do pseudônimo.
O poeta
nasceu em 1904, em Parral, uma pequena cidade do Chile. Ainda jovem, mudou-se
para a capital, Santiago, uma das cidades mais evoluídas da América do Sul. Foi
em Santiago que publicou Vinte poemas de
amor e uma canção desesperada. Com esse livro, tornou-se conhecido mundialmente.
Com a
idade de 23 anos o poeta entrou na carreira diplomática. Foi cônsul na Ásia,
Argentina e Espanha (durante a Guerra Civil). Também se aventurou na carreira
política, em 1945, eleição conquistada para o Senado. Mas logo teve cassado o
seu mandato, por ter-se filiado ao comunismo.
Em 1971 recebeu o Premio
Nobel de Literatura. Faleceu em Santiago, em 1973, acometido de câncer, oito
dias após o golpe militar, que daria a conhecer, mundialmente, nome de outro
chileno, este um tirano: Augusto Pinochet.
Segue o poema de Pablo Neruda, Saudade (in Pablo Neruda. Crepusculário. Tradução de José Eduardo
Degrazia. Porto Alegre: L&PM, 2004, 99):
SAUDADE
–
PABLO NERUDA
SAUDADE... – Que será...
eu não sei... tenho buscado
em certos dicionários poeirentos
e antigos
e outros livros que
ocultam o significado
dessa doce palavra de
perfis ambíguos.
Dizem que as montanhas
são azuis como ela,
que nela empalidecem longínquos
amores,
e um nobre e bom amigo
meu (e das estrelas)
nomeia com os cílios e
as mãos em tremores.
E no Eça de Queirós sem
olhar a adivinho,
o segredo se evade em
sua doçura e sede,
como essa mariposa,
corpo em desalinho,
sempre longe – tão longe!
– de minhas calmas redes.
Saudade... tens,
vizinho, o real significado
dessa palavra branca e
que, peixe, se evade?
Não... treme na boca seu
temor delicado...
Saudade...
* * *