– PEDRO LUSO DE CARVALHO
Manoel
Bandeira começa a escrever crítica de artes plásticas em 1941, para A Manhã, do Rio. Em 1943, acumula o seu
trabalho de professor do Colégio Pedro II com o de professor de Literatura
Hispano-Americana na Faculdade Nacional de Filosofia. Em 1954, publica Itinerário de Pasárgada, edição do
Jornal de Letras. Em 1956, escreve para a Enciclopédia Delta-Larousse um estudo
sobre Versificação em Língua Portuguesa.
Também
em 1956, traduz Macbeth, de
Shakespeare, e La Machine Infernale,
de Jean Cocteau. No ano seguinte, traduz
as peças Juno and the Paycock,
de Sean O’Casey, e The Rainmaker, de
N. Richard Nash. Essas peças foram representadas, respectivamente, em São Paulo
e no Rio de Janeiro. (Nos anos que se seguem, dedica-se a outras traduções.)
Nos
anos de 1957-1961, escreve crônicas bissemanais para o Jornal do Brasil, do Rio, e para a Folha de São Paulo. Em 1965, com Carlos Drummond de Andrade
organiza, para as comemorações do 4º Centenário do Rio, o livro Rio de Janeiro
em Prosa e Verso, com edição da José Olympio.
Quando
completa 80 anos, em 19 de abril de 1966, a Editora José Olympio faz uma festa em
sua sede, em homenagem ao poeta, numa demonstração de aceitação de sua obra e
de seu prestígio intelectual – profundo conhecedor da linguagem poética. Comparecem
à festa mais de mil pessoas (muitos escritores e poetas, dentre eles o seu
amigo Carlos Drummond de Andrade).
No
dia 13 de outubro de 1968, falece Manoel Bandeira no Hospital Samaritano, no
bairro Botafogo, no Rio de Janeiro, às 12 horas e 50 minutos. É sepultado no
Mausoléu da Academia Brasileira de Letras, no Cemitério São João Batista.
Principais
obras poéticas de Manoel Bandeira, que, como disse na primeira parte deste trabalho,
foi membro da Academia Brasileira de Letras: Cinza das horas (1917), Libertinagem
(1930), Mafuá do Malunga (1948), Estrela da tarde (1960).
Segue o poema Vou-me
embora pra Pasárgada, de Manoel
Bandeira – quinta parte de
alguns dados que escrevi sobre o poeta (In Seleta de prosa e verso. Manoel
Bandeira. Organização, estudos e notas de Manoel de Moraes. 2ª ed. Rio de
Janeiro: J. Olympio, 1975, p. 147-148):
VOU-ME EMBORA PRA PASÁRGADA
MANOEL BANDEIRA
Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada
Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconsequente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que nunca tive
E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe d’água
Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Pasárgada
Em Pasárgada tenho de tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone automático
Tem alcalóide à vontade
Tem prostitutas bonitas
Para a gente namorar
E quando estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
– Lá sou amigo do rei –
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada.
*
(Libertinagem)
* Você poderá
ler a primeira parte clicando em: Auto-Retrato
REFERÊNCIA:
BANDEIRA, Manoel. Seleta
de prosa e verso; organização, estudos e notas de Manoel de Moraes. 2ª ed.
Rio de Janeiro: J. Olympio, 1975.
*
* *
Um trabalho interessante de divulgação deste poeta maravilhoso.
ResponderExcluirTambém gostaria de ter um lugar como Pasárgada onde fugir dos lugares de agora...
Obrigada
Lídia,
ExcluirNos tempos atuais seria muito confortável um lugar como Pasárgada.
Obrigado pela visita.
Abraço.
Thank you for sharing....) interesting to visit your blog and read your work.
ResponderExcluirSending love and light.
Obrigado, Solcarina.
ExcluirEspero que você volte mais vezes.
Abraço.