[ PEDRO LUSO DE CARVALHO ]
ANDRÉ MAUROIS, foi o nome pelo qual se tornou conhecido Émile Herzog, nascido
em a 26 de julho de 1885, em Elbeuf, uma comuna no Seine-Maritime, ao norte da
França, de uma família de industriais emigrados da Alsácia. Era filho de Ernest
Herzog e de Alice Lévy-Rueff Herzog.
Maurois foi autor de estudos profundos sobre a Inglaterra e sobre
ingleses: Os silêncios do coronel Bramble,
Disraeli, Byron. Autor de romances: Climats
e Cercle de famille. Escreveu ensaios,
estudos históricos e biografias literárias. Tornou-se célebre com as biografias:
A la recherche de Marcel Poust, Lélia, Trois Dumas, Ariel ou a vida de Shelley, Olímpio
ou a vida de Victor Hugo, Prometeu ou
a vida de Balzac. Obteve grande êxito com a sua trilogia De
Proust a Camus, De Gide a Sartre,
De Aragon a Montherlant.
André Maurois também foi respeitado
educador e um dos grandes humanistas do Século XX. Em 1938, foi eleito para
assumir uma cadeira na Academia Francesa.
Faleceu a 9 de outubro de 1967, em Nevilly, França.
Segue trecho do livro Diário de uma viagem pela América Latina,
de André Maurois, no qual o escritor
francês faz menção à visita que fez num domingo, do ano de 1949, no Rio de
Janeiro, acompanhado pelo poeta Frederico Schmidt, à casa de Luísa Miguel
Pereira, biógrafa do nosso escritor maior, Machado de Assis (In Maurois, André. Diário de uma viagem pela América Latina. Tradução de Sieni Maria
Campos. Rio de Janeiro: Record, 1986, p. 31-33):
FALA SOBRE MACHADO DE ASSIS
[ ANDRÉ MAUROIS ]
Falamos de Machado de Assis
– diz André Maurois –, surpreendente personagem, negro que foi o maior escritor
do Brasil, fundador (há mais de cinquenta anos) da Academia Brasileira de
Letras, discípulo de Sterne, humorista e estilista, funcionário público
conformista e filósofo pessimista. O preconceito de cor aqui é tanto menos forte
que muitos dos negros do Brasil chegavam das regiões mulçumanas da África e
traziam uma sólida civilização.
A família de Machado de Assis era pobre. Criança, por volta de 1850, entrou em contato com um padeiro francês, M. Gallor, cuja família ensinou-lhe francês. Logo dominou nossa língua – prossegue Maurois – e se tronou admirador de nossos escritores, de Lamartine em particular. Operário gráfico, depois revisor, escreveu versos, fez jornalismo e, aos vinte e dois anos, publicou seu primeiro livro. De suas obras – diz Maurois –, só li uma: Memórias Póstumas de Brás Cubas. Ele me fez pensar tanto em Sterne como em Anatole France, pela mistura de desespero, ironia e piedade.
Luísa Pereira – diz Maurois
– me mostra um retrato de Machado de Assis. Barba cortada como a de Loubert,
longos bigodes, olhos doces e tristes, monóculo. Tem ar de professor da
Sobborne do Século XX. “Ele detestava a espécie e amava o indivíduo”, diz Luísa
Pereira. Simétrico de Woodrow Wilson, que amava a humanidade e detestava os
homens.
*
REFERÊNCIAS:
PETIT LAROUSSE. Dictionnaire Encyclopédique pour tous. 24º tirage. Paris: Librairie
Larousse, 1966.
MAUROIS, André. Diário de uma viagem pela América Latina. Tradução de Sieni Maria
Campos. Rio de Janeiro: Record, 1986, p. 31-33.
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