Albert Steinberger - Da
BBC Brasil em Londres - Atualizado em 16
de outubro, 2012.
Documentos
do serviço de inteligência alemão (da sigla alemã, BND) afirmam que Fidel
Castro contratou ex-nazistas para treinar o exército cubano durante o episódio
que ficou conhecido como a Crise dos Mísseis, entre os Estados Unidos e a União
Soviética, em outubro de 1962.
De acordo com o
relatório, baseado em documentos confidenciais recém-divulgados, o presidente
cubano teria contratado quatro ex-oficiais da Waffen SS, uma divisão do
Exército nazista, que iriam embarcar rumo a Cuba no dia 25 de outubro de 1962
para treinar tropas na ilha.
Posteriormente, foi
relatado que somente dois dos quatro oficiais teriam chegado ao país.
"Como pagamento
foram oferecidos o equivalente a mil marcos alemães por mês, em moeda cubana, e
mais mil marcos alemães por mês, na cotação desejada, em uma conta de um banco
na Europa", detalha o documento que não traz, no entanto, provas a
respeito da suposta ligação de Fidel Castro com ex-nazistas.
Bodo Hechelhammer,
coordenador de pesquisa do BND, afirma no relatório que Fidel tentava buscar
formas alternativas de proteger Cuba, que não fossem ligadas aos soviéticos.
"Obviamente, o
exército revolucionário cubano mostrou não ter medo de estabelecer contato com
pessoas de passado nazista, quando isto era útil para a própria causa",
argumenta Hechelhammer com base nas informações dos documentos.
A Crise dos Mísseis de
Cuba, no auge da Guerra Fria, fez 50 anos no último domingo. Na ocasião,
Estados Unidos e a União Soviética estiveram à beira de um conflito nuclear.
A guerra iminente só foi
afastada quando os soviéticos concordaram em retirar os mísseis da ilha e os
americanos fizeram o mesmo com armamentos similares na Europa.
O impasse, que durou 13
dias, resultou em um bloqueio a Cuba imposto por Washington e um abalo nas
relações entre Cuba e União Soviética.
Compra
de armas com extrema direita
Fidel Castro, na ocasião,
ficado insatisfeito com a forma com que os comunistas russos enfrentaram a
crise.
O documento alemão alega
ainda que o líder cubano se aproximou de dois traficantes de armas ligados a extrema
direita alemã para comprar pistolas de fabricação belga.
De acordo com os arquivos
do BND, o político alemão, Ernst-Wilhelm Springer, e o ex-oficial da Wehrmacht
(as forças armadas da Alemanha no período nazista), Otto Ernst Remer, vendiam
armas internacionalmente e, mesmo pertencendo a um grupo de extrema direita,
teriam sido contactados pelo comunista cubano, que buscava formas alternativas
de armar o seu Exército.
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Pedro