– PEDRO LUSO DE CARVALHO
Wolfgang
Mozart partiu novamente em excursão pela Europa, visando a
apresentação de novos recitais. Dessa vez, quem o acompanhou foi
sua mãe. Leopold e Nannerl decidiram permancer em Salzburgo, pois
temiam perder seus cargos de músicos da Corte.
Nessa
viagem, o músico e sua mãe visitaram Munique, Augsburgo, Paris,
Estrasburgo e Mannhein. Além de seus recitais, Wolfgang tinha a
esperança de encontrar um emprego fixo. Os aristocratas, no entanto,
não lhe deram o apoio esperado. Consideravam-no um “criado
foragido”. Ao gênio restavam as apresentações eventuais em
recitais e algumas aulas que ministrava, que lhe rendiam algum
recurso pecuniário.
Wolfgang
sentia-se aflito com essas dificuldades materiais, mas, mesmo assim,
perseverava na composição. Escreveu obras de todos os gêneros.
Durante sua estada em Mannhein, em 1777, fez uma experiência com um
piano fabricado por Stein. Ficou deslumbrado com as possibilidades de
sustentação de som, que os pedais proporcionavam. Escreveu, então,
a Sonata
para Piano,
em
Dó Maior – I.K. 309.
Depois
dessa composição para o piano, passou a abandonar gradativamente o
cravo e o clavicórdio. O piano foi então eleito o seu novo
instrumento. Outra mudança deu-se na vida de Mozart, de caráter
afetivo: por insistência de seus pais, mesmo estando apaixonado por
Aloysia Weber, uma excelente cantora, rompeu o seu relacionamento com
a jovem.
A
Itália, que estava nos planos de Mozart, para, na condição de
empresário de Aloysia Weber torná-la uma “prima donna”, foi
substituída por Paris, para onde seguiu em companhia de sua mãe,
Anne Marie Pertl Mozart, que faleceu subitamente na capital francesa,
a 3 de junho de 1778. Wolfgang, desesperado, escreveu para seu pai e
sua irmã, que se encontravam em Salzburgo, comunicando a morte de
sua dedicada mãe.
Por
contraditório que possa parecer, consolou-se com a fato de, pela
primeira vez, encontrar-se livre e independente. Mozart permaneceu
por alguns meses em Paris, dando lições e recitais ocasionais. Ai
mantinha-se com isso e com alguma renda que lhe era alcançada por
seus editores. Como não via a possibilidade de ter o sucesso que
almejava, deixou Paris.
De
Paris, seguiu para Mannhein, onde esperava encontrar o Eleitor e sua
Corte. Como estes, encontravam-se em Munique, Mozart para lá se
dirige. Em Munique, encontrou-se com Aloysia Weber, que estava com
grande projeção artística. Mozart foi recebido pela jovem com
frieza, famosa que estava e rodeada de admiradores. Aloysia Weber
então se despede do músico com a indiferênça própria de quem se
encontra no auge da fama, somando-se a isso o fato ocorrido antes,
quando foi por ele desprezada.
Mozart
regressa deprimido e humilhado a Salzburgo. Então socilita emprego
ao Arcebispo, que o concedeu saboreando o prazer de assistir à
derrota daquele que “desprezara a honra de estar a seu serviço,
para correr atrás de loucos sonhos de liberdade”. Na cidade, muita
gente compartilhava dessa opinião. Mozart, revoltado, dizia que
“preferia tocar diante de cadeiras vazias, do que para os moradores
daquela terra de mendigos”.
Apesar
de todo o seu mau humor, durante o ano de 1779 Wolfgang escreveu uma
obra-prima: a Missa
da Coroação
– I.K. 317, além de quatro peças litúrgicas, duas sonatas, três
sinfonias, duas marchas orquestrais e o Divertimento
para Orquestra, em Ré Maior – I. K. 334 (cujo minueto tornou-se
famosissimo, em arranjos para violino e piano).
Mas
enquanto o Arcebispo Colloredo não lhe dava folga justificadamente,
em 1780 um fato inesperado veio livrar Mozart do ambiente
mortificante que tinha em Salzburgo: Carlos Teodoro, Eleitor Palatino
da Baviera, encomendou-lhe uma ópera para o canaval de Munique; esse
fato impressionou o Arcebispo de Salzburgo a tal ponto que lhe
permitiu viajar para Munique.
Na
próxima postagem, continuaremos com a vida e a obra de Wolfgang
Amadeus Mozart.
REFERÊNCIAS:
ANSTETT,
J. Ph. Galeria
de Homens Ilustres.
Rio de Janeiro: Laemmert, 1905.
SCHNORRENBER,
Roberto. Grandes
Compositores da Música Universal, nº 20.
São Paulo: Abril Cultural, s/d.
* * *
Conhece as dificuldades monetárias, sofre com a morte inesperada da mãe e é humilhado pela rejeição da ex. amada...É tudo isto que molda a força do grande músico, para vencer.
ResponderExcluirAs contrariedade, nem sempre são más. Depende dos objectivos que alguém queira alcançar.E Mozart utilizou tudo o que havia para utilizar!
Espero a continuação...
Beijo
Graça