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PEDRO LUSO DE CARVALHO
Em
trabalho anterior, tive a oportunidade de escrever, sucintamente, um
texto sobre a vida e a obra de Edgar Allan Poe, a partir de sua
Antologia
de Contos,
publicada pela Editora Civilização Brasileira, em 1959. Portanto, o
realce foi dado a apenas um dos gêneros da literatura, explorado
pelo célebre escritor norte-americano, o conto; mas, Poe também foi
poeta e ensaísta brilhante, como se verá a seguir pela análise do
escritor francês, Charles Baudelaire (1821-1867), autor de Fleurs
du mal,
Petits
Poèmes em prose
e traduções
de Edgar Allan Poe.
Agora,
a ênfase é para a poesia de Edgar Allan Poe. No texto que referi
acima (Antologia
de Contos),
enfatizei o fato de que Charles Baudelaire aguardava as revistas
norte-americanas que chegavam em Paris com a publicação dos contos
e poesias de Poe. Sobre ele, assim se manifestou Baudelaire: “Como
poeta Edgar Poe é um homem à parte. Representa quase sozinho o
movimento romântico do outro lado do oceano. É o primeiro americano
que, propriamente falando, fez do seu estilo uma ferramenta. Sua
poesia, profunda e gemente, é, não obstante, trabalhada, pura,
correta e brilhante, como uma jóia de cristal. Edgar Poe amava os
ritmos complicados que fossem, neles encerrava uma harmonia
profunda”.
Charles
Baudelaire prossegue sua análise sobre os poemas de Poe, dizendo:
“Há um pequeno poema seu intitulado “Os sinos”, que é uma
verdadeira curiosidade literária; traduzível, porém, não o é; O
Corvo
logrou grande êxito. Segundo afirmam Longfellow e Emerson, é uma
maravilha. O assunto é quase nada, e é uma pura obra de arte. O tom
é grave e quase sobrenatural, como os pensamentos da insônia; os
versos caem um a um, como lágrimas monótonas; No país dos sonhos
tentou descrever a sucessão dos sonhos e das imagens fantásticas
que assaltam a alma, quando o olho corpóreo está cerrado. Outros
poemas, como Ulalume
e Annabel
Lee
gozam de igual celebridade.
Como
no texto Antologia
de Contos,
que referi acima, transcrevi o poema O
Corvo,
ao alcance, pois, de quem se interessar por sua leitura, para este
espaço escolhi um desses poemas de Edgar Allan Poe, referido e
apreciado por Baudelaire, qual seja:
ANNABEL
LEE
Há
muitos, muitos anos, existia
num
reino à beira-mar
uma
virgem, que bem se poderia
Annabel
Lee se chamar.
Amava-me,
e seu sonho consistia
em
ter-me para a amar.
Eu
era criança, ela era uma criança
no
reino à beira-mar;
mas
nosso amor chegava, ó Annabel Lee
o
amor a ultrapassar,
o
amor que os próprios serafins celestes
vieram
a invejar.
Foi
por isso que há muitos, muitos anos,
no
reino à beira-mar,
de
uma nuvem soprou um vento e veio
Annabel
Lee gelar.
E
seus nobres parentes se apressaram
em
de mim a afastar,
para
encerrá-la numa sepultura,
no
reino à beira-mar.
Os
anjos, que não eram tão felizes,
nos
vieram a invejar.
Sim!
Foi por isso (como todos sabem
no
reino à beira-mar)
que
um vento veio, à noite, de uma nuvem
Annabel
Lee matar.
Mas
nosso amor, o amor dos mais idosos,
de
mais firme pensar, podia ultrapassar.
E
nem anjos que vieram nas alturas,
nem
demônios do mar,
jamais
minha alma da de Annabel Lee
poderão
separar.
Pois,
quando surge a lua, há um sonho que flutua,
de
Annabel Lee, no luar;
e,
quando se ergue a estrela, o seu fulgor revela
de
Annabel Lee o olhar;
assim,
a noite inteira, eu passo junto a ela,
a
minha vida, aquela que amo, a companheira,
na
tumba à beira-mar,
junto
ao clamor do mar.
(Edgar
Allan Poe)
REFERÊNCIAS:
POE, Edgar Allan. Antologia de Contos. Trad. Brenno Silveira. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1959.
POE, Edgar Allan. Dictionnaire Encyclopédique Pour Tous. 24ª tirage. Paris: Petit Larousse, 1966.
POE, Edgar Allan. Poemas e Ensaios. Trad. Oscar Mendes e Milton Amado. São Paulo: Editora Globo, 1999.
* * *
MEDIANTE A ESSA POESIA, EU SEMPRE ME EMOCIONO, INDEPENDENTE DA TRADUÇÃO A ELA DADA,
ResponderExcluirESSA PARA MIM É UMA DAS MELHORES POESIAS QUE JA LI, TOCA PROFUNDAMENTE MINHA ALMA
"NOSSO AMOR, ERA MAIS QUE AMOR E OS ANJOS VIERAM A NOS INVEJAR......"
massa este blog.
ResponderExcluirbotei um link pra cá do
www.bardoescritor.net
[]s
Eu já vi essa poesia transformada em uma história em quadrinhos, que li quando era criança. Lembro que o depois do enterro, o namorado de Annabel se suicida, e na última cena os dois aparecem abraçados sobre uma nuvem. Se alguém tiver essa raridade, me mande por favor.
ResponderExcluir-Erika Wirz - stuttgart@ig.com.br
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