– PEDRO LUSO DE CARVALHO
ERNEST
HEMINGWAY (Ernest Miller Hemingway), nasceu em Oak Park, Illinois, EUA, em 21
de Julho 1899, e morreu em Ketchum, Idaho, aos 2 de Julho 1961. Foi casado
quatro vezes, e teve muitos casos amorosos. Era um dos seis filhos do médico
Clarence Edmonds Hemingway (membro fervoroso da Primeira Igreja Congregacional)
e de Grace Hall (cantora do coro da igreja). Ernest Hemingway pôs termo à sua
vida da mesma forma que o fizera Clarence, seu pai: o suicídio.
No ano
de 1923, Hemingway publicou o seu primeiro livro, The Stories and Ten Poems, numa edição de 300 exemplares; em
1924, saiu a coletânea In Our Time,
com 18 contos curtos. Em 1925 publicou a sátira The Torrents of Spring. Em 1926 publicou o romance The Sun Also Rises (O sol também se levanta), em 1927, o seu segundo livro de contos, Nen Without Woman, destacando-se, entre
eles, The Killers e The Undefeated, que foram considerados
os melhores exemplos do conto moderno.
O
reconhecimento, pela crítica literária, chegou a Hemingway com a publicação do
romance A Farewell to Arms (Adeus às armas), em 1929. Os seus contos
foram reunidos no livro The First
Forty-Nine, em 1938. Já o romance mais longo do escritor foi publicado em
1940, cuja história se passa na Guerra Civil espanhola, For Whom the Bell Tolls (Por
quem os sinos dobram). Além dessas obras, publicou: Across the River and Into the Trees (1950), Old man and the Sea (O velho
e o mar), em 1952 - que lhe deu o Prêmio
Pulitzer, em 1953, e o Prêmio Nobel
de 1954 –, Adventures of a Young Man
(1962), Islands in the Stream (1970)
e The Garden of Eden (O jardim do Éden), em 1986. (In COWLEY, Malcolm. Escritores em ação. Trad. Brenno Silveira. 2ª ed. Rio de Janeiro:
Paz e Terra, 1982.)
Segue o
conto, O Revolucionário, de Ernest Hemingway (In Hemingway, Ernest. Contos
de Hemingway. Tradução de A. Vieira Filho. Rio de Janeiro: Civilização
Brasileira, 1965, p. 48-49):
O REVOLUCIONÁRIO
(Ernest
Hemingway)
Em 1919
ELE viajava pelas ferrovias da Itália, carregando um quadrado de oleado do
quartel-general do partido, escrito em lápis indelével e dizendo que o camarada
havia sofrido um bocado na mão dos Brancos em Budapeste e pedido aos camaradas
que o ajudassem no possível. Usava o oleado em vez de passagem. Era muito
tímido e bastante jovem, e os ferroviários passavam-no de uma turma para outra.
Não tinha dinheiro, e eles o alimentavam por trás do balcão nos restaurantes
das estações.
Ficou
espantado com a Itália. Era um belo país, dizia ele. As pessoas eram todas
bondosas. Estivera em muitas cidades, muito caminhara, e vira muitos quadros.
Comprou reproduções de Giotto, Mesaccio e Pierro della Francesca e as carregava
embrulhadas em um exemplar do 'Avanti'. Não gostou de Mantegna.
Apresentou-se
em Bolonha, e eu o levei comigo até Romagna, onde precisava ver um homem.
Fizeram juntos uma boa viagem. Estávamos no início de setembro, e o campo era
muito agradável. Ele era um magiar, um rapaz muito agradável e muito tímido. Os
homens de Horthy haviam feito certas coisas perversas com ele. Falou um pouco
delas. A despeito da Hungria, acreditava completamente na revolução mundial.
– E como
vai indo o movimento na Itália? - perguntou.
– Muito
mal - respondi.
– Mas
vai melhorar – disse ele. - Vocês têm tudo aqui. É o único país de que todos
podem ter certeza. Será o ponto de partida de tudo.
Eu
disse.
Em
Bolonha, dissemos adeus e ele tomou o trem para Milão, de onde seguiria para
Aorta e atravessaria a pé as montanhas até a Suíça. Falei com ele a respeito
dos Montegnas em Milão.
– Não –
disse ele, muito timidamente, não gostava de Mantegna. Escrevi-lhe indicando
onde comer em Milão e os endereços dos camaradas. Agradeceu muito, mas seu
pensamento já se voltava para a travessia das montanhas. Estava muito ansioso
em atravessar enquanto o tempo era bom. Adorava as montanhas no outono. A
última coisa que soube dele foi que os suíços o tinham na cadeia perto de Sion.
* * *
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