14 de mar. de 2010

ÉMILE ZOLA – Parte Final





por Pedro Luso de Carvalho
.
Depois que Émile foi resprovado no exame vestibular que prestou na Sobernne, em novembro de 1859, faz nova tentativa, agora em Marselha, e, pela segunda vez, é reprovado, tendo como conseqüência a perda da bolsa que havia conseguido para os estudos jurídicos. Aos vinte anos, já de volta a Paris, escreve a Cézanne para confessar a sua insatisfação por estar vivendo às custas da família, que se encontra em péssima situação financeira.


Ao atingir a maioridade, Émile resolve pedir a nacionalidade francesa, já que era considerado estrangeiro, por ser filho de pai italiano, embora filho de mãe francesa, e de ele próprio ter nascido em Paris. Por essa época, morre o seu avô Aubert, que vivia com a filha Emilie, sua mãe . No final 1861, Zola começa a trabalhar na livraria Hachette, por indicação de um membro da Academica de medicina, amigo da família. Émile então é encarregado de entregar o cartão de visita da livraria a varios destinatários - uma espécie de office-boy. Mais tarde, passa para o serviço de publicidade.


Émile mostra suas poesias para seu patrão, que as acha boas. Este pondera que o grande público é mais receptivo à prosa, e que, com ela, um grande futuro o espera, desde que esqueça os versos. Émile Zola escreve, então, um conto com o título de 'Le Baiser', que foi publicado por La Revue du mois; esse mesmo conto foi aceito também por La Nouvelle Revue de Paris, que o publicou, mais tarde. Com essas publicações de Le Baiser, nasce o escritor Zola.


Na livraria Hachette, Zola torna-se chefe do serviço de publicidade, e passa a viver profundamente a vida literária de Paris. É procurado por muitos escritores conhecidos na livraria, para ouvir dele aconselhamentos, bem como para saber o número de vendagem de seus livros e ouvir conselhos técnicos. Zola aprende com eles os segredos da profissão de escritor. Zola sabe que o escritor só escreverá bons livros com muita dedicação, como sabe da importância de ser bem remunerado por suas obras.

A todos, no entanto, Zola trata com certa distância; os seus únicos amigos são apenas os três de Aix: Cézanne, Baille e Marguery. (Cèzanne tem planos para entrar nas Belas Artes, e faz o exame para admissão, mas é reprovado no concurso. Em 1863 Cézanne propõe expor suas obras no Salão, mas é recusado, como também foram recusados, com ele, Pissarro, Claude Monet e Édouard Manet – nos tempos de Napoleão III, a burguesia não permitia que mudassem seus hábitos intocáveis.) Em Paris, Zola é introduzido nos ateliês por Cézzane. Conhece os pintores de vangarda citados e mais: Degas, Renoir e Fantin-Latour.


Émile Zola reune várias narrativas curtas para compor o seu primeiro livro, que seria publicado novembro de 1864. O seu livro de contos é bem recebido pelo público e pelos jornalistas. Essa edição abre-lhe as portas para escrever artigos e novelas para Petit Jounal , entre outros. Depois publica o romance autobiográfico La Confission de Claude; os críticos estão dividido entre os que gostam da obra e os que a acham injuriosa. O livro não foi um sucesso, mas Zola acredita que um grande público ainda vai aclamá-lo ou odiá-lo.


Com a morte de seu protetor, Louis Hachette, os novos diretores não são receptivos aos escritores de vanguarda, e Zola, escritor audacioso, necessita de liberdade para as suas obras. A publicação que fez de versos seus num jornal de esquerda (Le Travail - Clemenceau é o como diretor) chamou a atenção da polícia, que passou a vigiá-lo no escritório da livraria e na sua residência.


Émile Zola agora é um escritor profissional. Muda-se para um apartamento na rua de l'École-de-Médicine, onde passa a viver com a sua amante Alexandrine Meley, companheira dedicada, que se preocupa com seu trabalho e com sua saúde. Aí , reúne a cada quinta-feira, os companheiros Cézanne, Baille, Solari, Pajor e Pissarro. Tomam vinho, discutem arte e literatura. Zola sente-se seguro como escritor e está seguro de que ganhará dinheiro nessa profissão. Sem dúvida, o futuro o aguardava como um grande escritor, e também um combativo jornalista.


Émile Zola Escreveu, além das obras já mencionadas: A Confissão de Claude, O Desejo de uma Morta, Teresa Raquim, Os Rougon-Macquart, A Fortuna dos Rougon, Naná, Germinal (para muitos, sua obra-prima), A Besta Humana, A Taberna e Doutor Pascal, Os Quatros Evangelhos , Eu Acuso .


Com esta terceira postagem, encerro a trilogia sobre Émile Zola. Pretendo aguardar alguns meses para, novamente, escrever sobre Zola; dessa vez, fazendo uma abordagem sobre o seu famoso libelo Eu Acuso, escrito em 1898, em defesa de Alfred Dreyfus, oficial francês que, sem provas, foi acusado de espionagem, devido ao fato de ser judeu; depois foi julgado e condenado injustamente pelo crime que, ardilosamente, lhe foi imputado.


Émile Édouard Charles Antoine Zola nasceu no dia 2 de abril de 1840, em Paris, França. Em Aix-en-Provence, como vimos na primeira postagem, passou a maior parte de sua infância; e aí também, recebeu a maior parte de sua educação formal. Aix e Paris foram as cidades mais importantes para o escritor. Zola morreu em Paris, em 28 de setembro de 1902.
.
(Para ler a postagens anteriores, clique em ÉMILE ZOLAPARTE I, ou PARTE - II. )


REFERÊNCIAS:
TROYAT, Henri. Zola. Tradução de Maria das Graças L. M. Do Amaral. São Paulo: Ed. Página Aberta, 1994.
PETIT LAROUSSE. Dictionnaire Encyclopédique pour tous. 24ª tirage. Paris: Librairie Larousse, 1966.

9 comentários:

  1. Olá, Pedro Luso. Gosto de passar por aqui. Gostei de ler sobre Zola, que sempre admirei, mas não tinha me detido muito sobre a sua biografia.
    Abraços.

    ResponderExcluir
  2. El recuerdo de Zola nunca esta demás.
    No solo por su obra literaria,importante por cierto,sino porque dio inicio al rol del escritor comprometido con su tiempo y la justicia
    Ese compromiso fue la causa de agravios e incluso se sospecha de su muerte
    Un saludo cordial

    ResponderExcluir
  3. É verdade, caro Nando, sempre pairou suspeita sobre a morte de Zola, justamente por ter sido ele o pincipal responsável pela libertação do oficial do exército francês, Albert Dreyfus, com a forte defesa que fez pela imprensa, tendo por destaque seu libelo 'Eu Acuso', que deu início ao movimento, na França e em várias partes do mundo (no Brasil, essa defesa foi feita por Rui Barbosa) para que a pena de prisão fosse revista, como de fato aconteceu: Dreyfus foi considerado inocente do crime de traição à pátria, e libertado da famosa prisão da então Guiana Francesa, aqui na América do Sul.

    Oficialmente, Zola morreu na porão de sua casa, em consequência de emanações de gás de um fogareiro,
    mas sempre se suspeitou que foi assassinado a mando de alguém do exército.

    Morreu no seu escritório, em sua casa, quando lia, de madrugada, com a lareira acesa; suspeita-se que nela teria sido colocado produto venenoso, que, com o fogo, desprendeu gás que contaminou o ambiente fechado.

    Um abraço,
    Pedro.

    ResponderExcluir
  4. Fiquei encantada com a biografia de Zola. Obrigada por está sempre nos presenteando com este tipo de leitura...
    abraços

    ResponderExcluir
  5. Pedro,

    Sinceramente, meu amigo: este trabalho que você fez, sobre a vida e obra de Zola (em 3 partes), é digno de se apresentar a uma banca de doutorado.(quer vender?) Parabéns!

    Abraços
    Cesar

    ResponderExcluir
  6. ººº
    Passando para conferir as novidades.

    Ótimo f-d-s

    Abraço

    ResponderExcluir
  7. Vim matar as saudades daqui e adquirir um pouco mais de cultura.
    Abraços,
    SS

    ResponderExcluir
  8. Eu não to falando que aqui é tudo de bom! Hoje conehci Emili Zola! obrigada pelos seu espaço do saber!
    com carinho
    Hana

    ResponderExcluir
  9. Anônimo13:09

    Oi Pedro,

    Dessa vez, eu estou passando por aqui, tão somente para lhe dizer que eu ficaria muito feliz se você fosse comer uma fatia de bolo, comigo, em meu blog...

    Estou lhe aguardando.

    Beijos,
    Ana Lúcia.

    ResponderExcluir


Obrigado a todos os amigos leitores.
Pedro