12 de abr. de 2008

SERGIO FARACO & Sua Obra





         por Pedro Luso de Carvalho

             


         O escritor Sergio Faraco ainda não integra a Academia Brasileira de Letras, mas pela importância de sua obra como contista, cronista, historiador, ensaísta e tradutor poderá ocupar uma vaga na Casa de Machado de Assis, onde duas de suas cadeiras estão sendo ocupadas por dois coestaduanos seus: Carlos Nejar e Moacyr Scliar. Ao ocupar uma cadeira na ABL a sua obra terá, sem dúvida, uma divulgação condizente com a importância de sua produção literária, e, com isso, os leitores sairão ganhando ao conhecê-la, como ganhará a cultura do nosso país.

        Não sei, por outro lado, qual poderá ser a reação do Sergio Faraco quando souber que estou iniciando este ‘movimento’ para que venha a concorrer a uma vaga, oportunamente, na Academia Brasileira de Letras. Provavelmente, não se sentirá confortável com esta iniciativa, mas mesmo assim não posso deixar de levar adiante este empreendimento.

        Por outro lado, por conhecer a obra do Sergio Faraco na sua integridade, sinto-me à vontade para dar início a esta empresa. Li cada um de seus livros, na medida em que iam sendo lançados. Mais ainda: fiz a releitura de muitos dos seus livros, e a cada nova leitura convencia-me mais ainda da maestria de Faraco, que, sem dúvida, é um dos que melhor representa o gênero conto na literatura brasileira, ombreando com os mais importantes escritores do conto sul-americano.

        Como a obra de Sergio Faraco é extensa, para divulgá-la usarei, em parte, a matéria que se encontra publicada, com o esmero que lhe é próprio, no seu site (SERGIO FARACO) , que se constitui num atalho para meu propósito. Começaremos, pois, com os traços biográficos:

        Sergio Faraco nasceu em Alegrete, no Rio Grande do Sul, em 1940. Nos anos 1963-5 viveu na União Soviética, tendo cursado o Instituto Internacional de Ciências Sociais, em Moscou. Mais tarde, no Brasil, bacharelou-se em Direito. Em 1968 casa-se em Alegrete com Ana Cybele Ferreira da Costa Milano, filha menor do poeta rio-grandense Antônio Milano. Em 1969 nasce sua primeira filha, Bianca. Em 1971 nasce sua segunda filha, Angélica. Em 1980 nasce seu terceiro filho, Bruno.

        Passemos à cronologia de sua obra, prêmios e láureas:

        1965
        Começa a escrever para a Gazeta de Alegrete.

       1968
       Publica seus primeiros contos no Caderno de Sábado do Correio do Povo.

        1970 
       Publica Idolatria, contos. Em concurso estadual de contos, obtém, com três trabalhos, os três primeiros lugares.

        1974
        Publica seu segundo livro, Depois da primeira morte, contos.

        1975
        Seu relato "Travessia" é incluído na antologia Os melhores contos brasileiros de 1974.

        1978
        No Rio de Janeiro, publica seu terceiro livro, Hombre, contos. Publica Urartu, história antiga do Oriente Próximo.

        1980
        No Rio de Janeiro, publica uma biografia de Tiradentes.

        1982
      Traduz, do uruguaio Mario Arregui, Cavalos do amanhecer. De parceria com Blásio Hickmann, publica um dicionário de autores rio-grandenses contemporâneos.

        1984
        No Rio de Janeiro, aparece seu quarto livro de contos, Manilha de espadas.

        1985
        Traduz, de Mario Arregui, A cidade silenciosa, contos; do argentino Mempo Giardinelli, Luna caliente / Três noites de paixão, novela; do venezuelano Eugenio Montejo, O poeta sem rio, poesia.

        1986
      Traduz, de Mempo Giardinelli, O céu em minhas mãos. Publica seu quinto livro de contos, a antologia Noite de matar um homem. O Instituto Estadual do Livro edita o fascículo Sergio Faraco, que focaliza a vida e a obra do autor.

        1987
        Publica os livros Doce paraíso e A dama do Bar Nevada, ambos de contos. Traduz A revolução de bicicleta, de Mempo Giardinelli.

        1988
       Recebe o Prêmio Galeão Coutinho, da União Brasileira de Escritores, conferido ao melhor livro de contos publicado no Brasil no ano anterior (A dama do Bar Nevada). Publica seu primeiro livro no exterior, Noche de matar un hombre, no Uruguai.

        1990
        Publica O chafariz dos turcos, crônicas. No Uruguai, são reunidas em livro as cartas que trocou com o escritor Mario Arregui, falecido em 1985: Mario Arregui & Sergio Faraco: Correspondencia. Publica O processo dos inconfidentes: verdade ou versão, ensaios.

        1991
       Publica seu sétimo livro de contos, Majestic Hotel. Traduz A longa viagem de prazer, contos do uruguaio Juan José Morosoli, e A história de Naná, do também uruguaio Carlos Maggi. Organiza e traduz, de parceria com Aldyr Schlee, a antologia de contos Para sempre Uruguai.

        1992
        Em Montevidéu, publica-se a segunda edição de Noche de matar un hombre. Traduz: Contos do país dos gaúchos, de Julián Murguía, Os demônios de Pilar Ramírez, de Jesús Moraes, e Bernabé, Bernabé!, de Tomás de Mattos, autores uruguaios, e Made in Buenavista, do argentino José Gabriel Ceballos. Em Alegrete, inaugura-se na Escola Estadual Tancredo de Almeida Neves a Biblioteca Sergio Faraco.

        1993
      Publica seu segundo livro de crônicas, A lua com sede. Traduz A menina que perdi no circo, da paraguaia Raquel Saguier, e O amigo que veio do sul , de Julián Murguía.

        1994
       Pelas crônicas de A lua com sede, recebe o Prêmio Henrique Bertaso, conferido pela Câmara Rio-Grandense do Livro, Clube dos Editores do Rio Grande do Sul e Associação Gaúcha de Escritores. Publica, como organizador, A cidade de perfil, crônicas de diversos autores. Traduz Caballero, do paraguaio Guido Rodríguez Alcalá, Vozes da selva, do uruguaio Horacio Quiroga, e A guerra das formigas, de Julián Murguía.

        1995
        Recebe o Prêmio Açorianos, da Prefeitura Municipal de Porto Alegre, pela organização de A cidade de perfil. Publica seu oitavo livro de ficção, reunindo todos os contos que escreveu: Contos completos.

        1996 
       Pelo livro Contos completos, recebe novamente o Prêmio Açorianos. Traduz Noturnos e outros poemas, da uruguaia Idea Vilariño, e publica, como organizador, o volume Contos brasileiros, de diversos autores.

        1997
       Traduz Armadilha mortal, do argentino Roberto Arlt, e organiza os volumes Livro dos sonetos, de diversos autores, Livro das cortesãs, de diversos autores, Livro dos bichos, de diversos autores, I-juca- pirama, de Gonçalves Dias, A mensageira das violetas, de Florbela Espanca, Antologia poética, de Mario Quintana, Sonetos para amar o amor, de Luís de Camões, e O dinheiro, ensaio de Olavo Bilac.

        1998
Traduz Contos italianos, de Máximo Gorki. Organiza: Todos os sonetos, de Augusto dos Anjos, Amor ao Brasil, do Visconde de Taunay, Marília de Dirceu, de Tomás Antônio Gonzaga, Livro dos desaforos, de diversos autores, Livro do corpo, de diversos autores, e Shakespeare de A a Z, uma seleção das frases lapidares de William Shakespeare. Publica Dançar tango em Porto Alegre, coletânea de contos, e Gregos & Gringos, coletânea de crônicas, ambos em edição de bolso.

        1999
       É indicado como um dos "50 melhores contistas dos 500 anos do Brasil" em enquête do Jornal de Letras (Rio de Janeiro (6):10, fevereiro de 1999), dirigido por Arnaldo Niskier e Antonio Olinto. Traduz Uma estação de amor e Passado amor, novelas de Horacio Quiroga, São Manuel Bueno, mártir, de Miguel de Unamuno, e De pernas pro ar: a escola do mundo ao avesso, de Eduardo Galeano, e organiza as coletâneas As árvores e seus cantores, de diversos autores, Decálogo do perfeito contista, de Horacio Quiroga e outros e As primaveras, de Casimiro de Abreu. Recebe o Prêmio Nacional de Ficção, atribuído pela Academia Brasileira de Letras à coletânea Dançar tango em Porto Alegre como a melhor obra de ficção publicada no Brasil em 1998. Em enquête promovida pela revista Aplauso (número 11), de Porto Alegre, entre críticos literários e professores de literatura, é escolhido como o quinto dos cinco nomes da literatura rio-grandense de todos os tempos, depois de Érico Veríssimo, Simões Lopes Neto, Dyonélio Machado e Mario Quintana.

        2000
       Um de seus contos, "Idolatria", é escolhido como um d'Os cem melhores contos brasileiros do século, coletânea publicada no Rio de Janeiro pela Editora Objetiva. Publica Viva o Alegrete!, coletânea de crônicas sobre sua cidade natal, em edição fora de comércio, e Rondas de escárnio e loucura, volume de contos, que recebe o troféu Destaque Literário (Obra de Ficção) da 46ª Feira do Livro de Porto Alegre (Juri Oficial), atribuído pela Rede Gaúcha SAT/RBS Rádio e Rádio CBN 1340. Em outubro, recebe da Prefeitura de Alegrete a Comenda do Mérito Oswaldo Aranha.

        2001
        Publica, agora em edição comercial, as crônicas de Viva o Alegrete. Recebe o Prêmio Açorianos de Literatura pelo livro Rondas de escárnio e loucura. Publica, de parceria com o ex-piloto de competição Hugo Almeida, o manual O automóvel: prazer em conhecê-lo, cuja edição rapidamente se esgota.

        2002
       Recebe da Editora Nova Prova o troféu Escritor Homenageado. Publica seu livro de memórias, Lágrimas na chuva: uma aventura na URSS, e traduz O teatro do bem e do mal, de Eduardo Galeano. Recebe o troféu Destaque CGTEE/Correio Povo Melhor Sessão de Autógrafos da 48ª Feira do Livro de Porto Alegre, alusivo ao lançamento de Lágrimas na chuva.

        2003 
        Lágrimas na chuva é indicado como o livro do ano pelo jornal Zero Hora, em sua retrospectiva de 2002, e eleito pelos internautas, no site ClicRBS, como o melhor livro gaúcho publicado no mesmo ano. Tem seus contos gravados em CD, com narração de Vergara Marques, em edição da Coleção Palavra, coordenada por Waldemar Torres. Traduz A galinha degolada e outros contos & Heroísmos: biografias exemplares, de Horacio Quiroga, e organiza O livro de Cesário Verde, do poeta português Cesário Verde. Recebe o Prêmio Erico Veríssimo, conferido pela Câmara Municipal de Porto Alegre, e o Prêmio Livro do Ano (Não-Ficção) da Associação Gaúcha de Escritores, por Lágrimas na chuva. Reedita-se sua tradução dos contos do uruguaio Mario Arregui, Cavalos do amanhecer. A partir de fevereiro, passa a publicar crônicas quinzenais no Segundo Caderno do jornal Zero Hora, de Porto Alegre.

        2004
        Seu conto "Idolatria", incluído na antologia Os cem melhores contos brasileiros do século, organizada por Ítalo Moriconi, é interpretado pela atriz Marília Pêra no programa Contos da Meia-Noite, da TV Cultura de São Paulo. Publica a segunda edição ampliada de Contos completos, sendo agraciado com o Prêmio Livro do Ano no evento O Sul e os Livros, instituído pelo jornal O Sul, TV Pampa e Supermercados Nacional, e participa, com Armindo Trevisan e José Clemente Pozenato, da coletânea bilíngüe Dall’altra Sponda/Da outra margem, que recebe o Prêmio Destaque do Ano no mesmo evento.

        2005
        Publica Histórias dentro da História, de crônicas e ensaios.

        2006
        Publica O crepúsculo da arrogância, obra que reconstitui minuto a minuto o naufrágio do RMS Titanic.

        2007
       Assina contrato com a Rede Globo para a realização de uma microssérie baseada no conto Dançar tango em Porto Alegre, com direção de Luiz Fernando Carvalho. Publica, como organizador, a coletânea Antologia de contistas bissextos, com 19 autores. Recebe o prêmio Livro do Ano - Categoria Não-Ficção, da Associação Gaúcha de Escritores, pelo livro O crepúsculo da arrogância, e o Prêmio Fato Literário 2007 - Categoria Personalidade, atribuído pelo Grupo RBS de Comunicações.

        2008
        Recebe a Medalha Cidade de Porto Alegre, outorgada pela Prefeitura Municipal - Administração José Fogaça. Mantém a coluna quinzenal em Zero Hora, iniciada em 2003.


       Esperamos, pois, o apoio de todos os escritores e leitores a esta campanha em favor da eleição de Sergio Faraco para a Academia Brasileira de Letras.



                                                                       * * * * * *


Um comentário:

  1. Anônimo15:35

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Obrigado a todos os amigos leitores.
Pedro