[ PEDRO LUSO DE CARVALHO ]
BERTRAND RUSSEL –
matemático e filósofo britânico – nasceu em Trellek, País de Gales, em l872 e
morreu em 1970; foi um dos criadores da lógica moderna, e também conhecido pela
luta que empreendeu contra o uso das armas nucleares. Além de ter sido
distinguido com o recebimento do Prêmio
Nobel de Literatura de 1950, discorreu sobre a longa vida de George Bernard
Shaw, dizendo que ela poderia ser dividida em três fases: a de crítico musical,
polemista, novelista e inimigo da impostura, até aos quarenta anos de idade, na
primeira fase; na segunda, autor de comédias, com as quais obteve merecido
êxito; na terceira fase de vida surgiu Shaw como profeta, admirado por Santa Joana de Orleans e São José de Moscou. Bertrand Russel diz
que o achava encantador e útil nas duas primeiras fases, e que, na terceira e
última fase, a sua admiração por ele era limitada.
Neste espaço apenas parte
do ensaio de Bertrand Russel sobre George Bernard Shaw – escritor,
jornalista e dramaturgo –, nascido em 26 de julho de 1856, Dublin, Irlanda, e
falecido em 2 de novembro de 1950, em St. Lawrence de Ayot, Hertfordshire,
Inglaterra, conhecido e admirado na Europa tanto pelo valor intrínseco de sua
obra como pelo poder de seu humor sarcástico; nesse ensaio, que faz parte de um dos capítulos de Retratos de Memória, Russel sintetiza o que pensa sobre a obra
desse irreverente irlandês, que, já setuagenário, obteve o Prêmio Nobel de Literatura de 1925, e que, por ser avesso ao
esnobismo e honrarias, recusou-se a recebê-lo; com relutância, aceitou a
distinção, mas pediu que o dinheiro fosse empregado para ajudar a difundir as
letras suecas na Grã-Bretanha.
Segue parte do ensaio de Bertrand Russel sobre Bernard Shaw, que merece nossa atenção, quer por ter sido escrito por um dos filósofos mais importantes do século vinte, quer pelo nome de quem é objeto desse estudo, pela importância de sua obra (In: Retratos de memória e outros ensaios/ Bertrand Russel. Tradução de Brenno Silveira. Rio de Janeiro: Cia. Ed. Nacional, 1958):
“O que havia melhor de
seu talento – diz Russel – , ele o revelava como polemista. Se houvesse algo de
tolo ou de insincero em seu oponente, Shaw, para delícia dos que estavam de seu
lado na disputa, se aferrava infalivelmente ao ponto vulnerável. No começo da
Primeira Guerra Mundial, publicou o seu Common
Sense about the War. Embora não escrevesse como pacifista, enfureceu a
maioria dos patriotas, recusando-se a concordar com o tom moral, grandemente
hipócrita, do Governo e seus partidários. Era inteiramente digno de louvor
nessa sua atitude, até que passou a adular o governo soviético, perdendo,
subitamente, o seu espírito crítico e a sua capacidade de perceber a mistificação,
se esta vinha de Moscou”.
Prossegue Russel: “Excelente
como era na polêmica, não se saia tão bem quando tinha de expor suas próprias
opiniões, que eram um tanto confusas, até que, nos últimos anos adotou o
marxismo sistemático. Shaw tinha muitas qualidades que merecem grande
admiração. Era inteiramente destituído de medo. Expunha com igual vigor suas
opiniões, quer fossem populares ou impopulares. Era implacável para com aqueles
que não merecem piedade – mas, às vezes, também o era com pessoas que não mereciam
ser suas vítimas. Em suma, pode-se dizer que fez muita coisa boa e algumas
nocivas. Como iconoclasta era admirável, mas como ícone nem tanto”.
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Obrigado pelo comentário simpático que deixou no meu blog (sobre o Villaça).
ResponderExcluirJá fui fá do Bertrand Russell. Anda meio esquecido. Ele levou a lógica às últimas conseqüências, tentou explicar tudo em termos lógicos. Em 1917 (ou 18) em viagem à União Soviética previu - com grau de acerto extraordinário - no que aquilo degeneraria.
Olá Pedro,
ResponderExcluirObrigado pelo elogio ao "Cachimbo". Eventualmente eu publico alguns contos (os mais curtos, é claro) no blog, sob a rubrica "Dedo de prosa". No mais, sou grande fã das peças de Bernard Shaw, que fez da língua inglesa, por momentos, a mais deliciosa de se ouvir. Obrigado pelo trecho do ensaio... valerá a pena procurar o resto!
Muito bom esse artigo sobre Russel. Realmente o conteúdo do teu blog é de primeira.
ResponderExcluirNão sei se conhece o overmundo. Acho que deveria publicar teus textos por lá.
http://www.overmundo.com.br/
Abraço pra você e para Thais,
Great article, Pedro! Thanks!!
ResponderExcluirThanks for your visit, Hilje.
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ResponderExcluirObrigado pela visita, Donnefar.
ExcluirLogo passarei pelo seu blog para conhecer as suas matérias.
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