por Pedro Luso de Carvalho
No ano de 2005, a Editora Escrituras editou Fernando Pessoa: almoxarifado de mitos, livro de Carlos Felipe Moisés, que integra a coleção Ensaios Transversais. O escritor é poeta, e formado em Letras pela Universidade de São Paulo. Na USP, concluiu mestrado e doutorado, em 1968 e 1972, respectivamente. Ensinou teoria literária e literatura de língua portuguesa na Faculdade de Filosofia de São José do Rio Preto, na PUC de São Paulo, na USP e na Universidade Federal da Paraíba. Fora do Brasil, no período que compreende os anos de 1978 a 1982, lecionou na Universidade da Califórnia, em Berkeley. Atualmente, é professor titular da Universidade São Marcos.
Carlos Felipe Moisés se dedica regularmente à crítica literária desde os anos 70, escrevendo para órgão especializados da imprensa brasileira. É autor, entre outros livros, de A poliflauta (1960), Carta de marear (Prêmio Governador do Estado de São Paulo, 1966), Círculo imperfeito (Prêmio Gregório de Mattos e Guerra, Salvador, 1978), Subsolo (Prêmio APCA, 1989), Lição de casa (1998) e Fernando Pessoa: almoxarifado de mitos (2005), uma obra que deverá agradar aos admiradores do poeta português; o livro começa com traços biográficos de Pessoa, como nos trechos que seguem:
Carlos Felipe Moisés se dedica regularmente à crítica literária desde os anos 70, escrevendo para órgão especializados da imprensa brasileira. É autor, entre outros livros, de A poliflauta (1960), Carta de marear (Prêmio Governador do Estado de São Paulo, 1966), Círculo imperfeito (Prêmio Gregório de Mattos e Guerra, Salvador, 1978), Subsolo (Prêmio APCA, 1989), Lição de casa (1998) e Fernando Pessoa: almoxarifado de mitos (2005), uma obra que deverá agradar aos admiradores do poeta português; o livro começa com traços biográficos de Pessoa, como nos trechos que seguem:
“Pouco antes de morrer, no Hospital São Luís, em Lisboa, a 30 de novembro de 1935, vítima de cirrose provocada por ingestão de bebida alcoólica, Fernando Pessoa anotou num retalho de papel esta última frase: “I know not what tomorrow will bring”. O sentido e a circunstância da frase remetem a uma de suas obsessões: o mistério da existência, o horror da morte e do desconhecido, o pendor especulativo, em suma, que o levou a se interessar por mediunidade, espiritismo, astrologia, maçonaria, teosofia – o esoterismo em geral. Em inglês literário, a frase mostra a força com que se lhe fixou no espírito a educação britânica que recebera em Durban, na África do Sul, onde viveu dos sete aos 17 anos”.
Nascido em Lisboa, a 13 de junho de 1888, filho único (o irmão mais novo, Jorge, morreu em 1894, com um ano de idade), órfão de pai antes de completar os seis anos, Pessoa parte em 1896 para a África, com a mãe, que se casara de novo, com João Miguel Rosa, cônsul de Portugal em Durban. Os dez anos aí passados foram decisivos para a sua formação. É na África, e em inglês, que ele adquire a base de sua cultura literária (Milton, Shelley, Shakespeare, Tennyson, Pope e outros), escreve os seus primeiros poemas e concebe os proto-heterônimos Alexander Search e Robert Anon, sucessores adolescentes de Chevalier de Pas, personagem inventada aos quatro anos, com quem ele então se entretinha horas a fio. Em Durban, realizou os estudos primários numa escola de freiras irlandesas; secundários, na Durban High School e, em 1904, foi aprovado nos exames de ingresso no Curso de Artes, na Cape Univerty. Mas no ano seguinte decidiu regressar a Lisboa, sozinho.
De volta a Portugal, redescobre sua cultura e literatura: Cesário Verde, Antonio Nobre, Antero de Quental, Camilo Pessanha, que vêm somar-se a uns, como ele diz, “subpoetas”, lidos na infância. (É curioso o escasso interesse que Pessoa declara ter tido por Camões – a influência mais forte que sofreu, dentre todas. Harold Bloom, autor de "The anxiety of influence", teria aí matéria farta para demonstrar a sua tese, segundo a qual todo poeta anseia por matar o “pai”, escamoteando as influências que tenha recebido.) Em 1906, matricula-se no Colégio Superior de Letras, em Lisboa, que abandona em seguida, e começa a alimentar arrojados planos, literários e outros, nunca realizados na íntegra. Após o fracasso comercial de sua “Empresa Íbis – Tipografia e Editora”, experiência em que mais tarde reincidirá, emprega-se como correspondente de firmas estrangeiras sediadas em Lisboa, modéstia atividade que lhe garantirá o sustento até o fim de sua vida.
Em 1912, estréia como crítico literário na revista A Águia, órgão do movimento nacionalista “Renascença Portuguesa”, chefiado por Teixeira Pascoaes, com o ensaio “A nova poesia portuguesa sociologicamente considerada”, onde profetiza o aparecimento, para breve, do “Supra Camões”, isto é, um poeta que irá suplantar o grande épico – e este é um dos raros momentos em que deixa entrever o alto apreço que tinha pelo poeta clássico, bem como o desejo de superá-lo. Daí em diante, a literatura lhe absorverá todo o tempo e interesse, tornando-se alvo de dedicação exclusiva”. Aí estão, pois, alguns trechos dessa excelente obra de Carlos Felipe Moisés, Fernando Pessoa: almoxarifado de mitos, que vale a pena ser lido na íntegra.
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