– PEDRO
LUSO DE CARVALHO
Dissemos,
na quinta postagem deste trabalho sobre a vida e a obra de Mozart,
que, em 1780 Carlos Teodoro, Eleitor Palatino da Baviera,
encomendou-lhe uma ópera para o canaval de Munique; e que, em razão
desse fato, o Arcebispo de Salzburgo deu permissão ao músico para
empreender viagem a Munique. A ópera, Idomeno,
Rè di Creta,
foi apresentada a 29 de janeiro de 1781. Leopold e Nannerl puderam
assistir à estréia de Idomeno,
graças à ausência de do Arcebispo, que viajara para Viena.
Idomeno
foi recebida com entusiasmo pelos músicos e pelos conhecedores da
música -, mas não pelo público -, e teve grande importância para
fixar a reputação de Mozart, na Alemanha, como compositor de ópera;
contudo, a popularidade por ele conquistada não foi duradoura. Mais
tarde, Mozart alterou alguns trechos da ópera, visando dar-lhe mais
vigor, pelo que se sabe. Em Dresde, no ano de 1854, a ópera foi
encenada novamente, mas, sem sucesso. Idomeno
foi, até a morte de Mozart, a sua composição predileta.
Depois
dessa estréia, Wolfgang teria de retornar a Salzburgo, e deixar o
agradável ambiente de Munique. Ficava indignado só em pensar no seu
retorno. Pensava permanecer em Munique por mais algum tempo, mas
recebeu uma convocação do Arcebispo Colloredo chamando-o a Viena.
Na esperança de apresentar-se nas festas da Côrte Imperial, o
músico partiu imediatamente. Mas, isso não aconteceu. O Arcebispo
queria apenas mantê-lo na condição de criado.
Mozart,
que se encontrava insatisfeito com essa situação, viu somar-se à
insatisfação o comportamento agressivo do Arcebispo, que o detratou
com insultos na presença de subalternos da Côrte. Tal fato levou
Mozart, nesse ano de 1781, a cortar os laços que o prenderam por
muito tempo ao seu pai e ao protetor deste, o Príncipe Arcebispo de
Salzburgo. Mozart, que, como escreve Ernest Newman, “nessa época
estava com 25 anos de idade, libertava-se da tutela paterna , despia
a libré de músico da Corte de Salzburgo, e entrava na última
década de sua vida, que para ele devia ser tão gloriosa como
artista e tão cheia de desgostos e misérias como homem”.
Em
Viena, Mozart passou a residir como inquilino da viúva Weber (que
nenhum parentesco tinha compositor alemão Carl Maria Von Weber).
Alguns meses depois, compôs a ópera O
Rapto no Serralho;
para essa composição, Mozart foi inspirado por um encontro que teve
com Haydn, no final do ano de 1781. Anos mais tarde, 1818, Weber
(Carl Maria Von Weber) apresentou O
Rápido do Serralho
em Dresde, sob sua própria regência. Num artigo seu, que antecedeu
essa apresentação, Weber recomendou a obra a seus concidadãos.
Disse
Weber, no seu artigo, que O
Rápido do Serralho
oferece uma quadro “que representa para todo o homem os alegres
anos de sua juventude, anos cujas flores ele nunca mais colherá...
Ouso afirmar – prossegue Weber – que no Serralho Mozart atingiu o
cume de sua experiência artística, à qual tão-somente foi
necessário acrescentar depois a experiência do mundo. A humanidade
tinha o direito de esperar dele várias outras óperas semelhantes a
Bodas
de Fígaro
e Dom
Giovanni,
mas nem com a melhor vontade do mundo escreveria ele jamais um outro
Rápido
do Serralho”.
A
estréia da ópera (O
Rápido do Serralho)
deu-se um mês antes do casamento de Mozart com Constanze Weber, o
qual foi celebrado a 4 de agosto de de 1782. Constanze era filha
filha da viúva Weber (o pai de Constanze era um antigo bilheteiro do
Teatro Nacional de Viena), e era irmã de Aloysia Weber, cantora
famosa, de quem antes Wolfgang fora apaixonado. As irmãs eram muito
diferentes, uma da outra. Aloysia tinha, além da beleza, dotes
artísticos. Constanze não tinha tais dotes, mas era simples,
alegre, sincera, leal e parecia corresponder ao amor que Wofgang lhe
dedicava.
Depois
da breve lua-de-mel do casal, Mozart arranjou vários alunos, filhos
de nobres e de famílias ricas, que voltavam de férias, no outono.
Com isso, ficou premido por seus compromissos. Tais compromissos, no
entanto, não impediram que continuasse compondo sem cessar: obras
didáticas, cinco peças sacras, a Sinfonia
nº 35
em Ré Maior – I. K. 385 (“Haffner”), uma serenata
instrumental, três marchas e um minueto para orquestra, três
concertos, a Fantasia
em Ré Maior,
para Piano – I. K. 397 e várias outras peças. Até então,
compusera cerca de 280 obras, abrangendo desde as missas até os
pequenos minuetos.
Em
1783, um ano após o casamento, nasceu o primeiro filho de Wolfgang e
Constanze. O músico fez questão de batizá-lo em Salzburgo, na
Igreja de São Paulo. De passagem por Linz, no regresso a Viena,
atendeu a uma sugestão do Conde Thurn e compôs a Sinfonia
nº 36, em Dó Maior –
I. K. 425 (“Linz”). Até novembro de 1784, compôs grande número
de outras peças. Nesse ano, uma tragédia abalou profundamente o
compositor: a morte de seu filho. Uma espécie de prenúncio dos anos
de sofrimento que se seguiriam.
A
ópera As
Bodas de Fígaro,
composta em 1786, ao mostrar nobres e servos lutando pelo mesmo ideal
e revelar a força de nova classe, a burguesia, foi considerada
subversiva pelo imperador. Mozart viu-se repudiado pela Côrte e pelo
público burguês. Encontrava-se individado e atormentado pelas
freqüentes doenças de sua mulher. Além de Constanze, também o
compositor estava com sua saúde em declínio.
Wolfgang
retomou a vida errante de músico independente. Viajou para Praga,
Dresden Leipzig e Berlim. Não deixou de compor. Enormes fracassos
eram intercalados com triunfos eventuais. Constanze era dedicada, e
não deixava de incentivá-lo. Mozart não perdia o ânimo; escreveu
quartetos e trios, compôs Uma
Brincadeira Musical, para Orquestra
– I. K. 522, a Pequena
Serenata Noturna, para Cordas
– I. K. 525, e ainda quintetos e sonatas, além da extraordinária
ópera Don
Giovanni.
Essas composições renderam o suficiente para que o compositor se
mantivesse com sua mulher.
Na
próxima postagem, continuaremos com a vida e a obra de Wolfgang Amadeus Mozart.
REFERÊNCIAS:
NEWMAN,
Ernest. História
da Grande Óperas.
Tradução de Antônio Ruas. 6ª ed. Porto Alegre: Editora Globo,
1957.
ALMEIDA,
Alberto Soares de. Grandes
Compositores da Música Universal, nº 20.
São Paulo: Abril Cultural, s/d.
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Caro Pedro,
ResponderExcluira riqueza de Mozart é tanta que você não conseguiu resumir como em outras biografias. Sorte de quem lê!
Muito obrigado pelos comentários em meu blog. Nós estamos na blogosfera por ideais que fazemos questão de compartilhar.
Um abraço
A vida de Mozart, tal como a sua obra musical, fascina!
ResponderExcluirBeijo
Graça