– PEDRO
LUSO DE CARVALHO
No
texto sobre a vida e a obra de Mozart dissemos, no final da na
terceira postagem, que na rápida estada de Wolfgang e de seu pai,
Leopold, em Milão, o jovem músico submeteu-se a um teste para o
sinfonismo classicista, que na época florescia na Alemanha e na
Áustria.
Dissemos,
também, que a junta era composta por importantes músicos milaneses,
entre os quais Giovanni Battista Sammartini, que foi um dos
construtores da sinfonia e o principal responsável pela transposição
das formas instrumentais barrôcas, herdadas da tradição italiana,
representada por Corelli, Torelli e Vivaldi.
Em
1770, nos três meses que passou em Bolonha, Wolfgang aprendeu com o
Padre Giambattista Martini os segredos do contraponto. Foi admitido
no círculo de músicos famosos e tornou-se membro da Academia
Filarmônica Bolonhesa, rompendo, como esse seu ato, o regulamento da
Academia, que para isso exigia a idade mínima de 21 anos.
A
prova que fez ante a junta, para conquistar esse título, deveu-se à
sua criação de uma fuga a quatro vozes em apenas meia hora, além
de contrapontear em quatro partes uma sinfonia de três linhas. A
junta examinadora ficou atônita com a proeza do jovem músico de
apenas catorze anos. Então, uma aura de mito começou a envolver
Wolfgang em virtudes de suas façanhas na Itália.
Em
Roma, depois de ter ouvido uma única vez o “Miserere” de
Gregorio Allegri, Wolfgang de volta a estalagem em que estava
hospedado transcreveu essa peça, que a guardava na memória. Depois
dessa transcrição, foi novamente à Capela Sistina para conferir
sua partitura com a execução original; aí, fez as correções
necessárias e deixou o recinto com as folhas escondidas no chapéu.
Daí
em diante o “Miserere”, que até então era monopólio do Papa,
foi divulgado e caiu no domínio público. Além de ter destruído o
tabu que cercava o “Miserere” de Gregorio Allegri, o Papa não só
perdoou a audácia de Wolfgang Mozart, como concedeu-lhe a “Cruz do
Esporim de Ouro”, pelo surpeendente feito. Em Salzburgo, o
Arcebispo Scharattenbach também homenageou Wolfgang promovendo-o a
Mestre de Capela.
Já
homem feito e assinando suas composições com o nome de Wolfgang
Amadeus Mozart, sua obra avolumava-se com concertos, sinfonias,
sonatas, óperas, missas e peças sacras mais curtas, minuetos e
divertimentos ('divertimenti')
Mozart
havia amadurecido em Salzburgo, com decepções e amarguras. O novo
Arcebispo Hyeronimus, Conde de Colloredo, humilhava-o a ponto de
obrigá-lo a fazer suas refeições com a criadagem, ao lado de
cozinheiros e copeiros.
A
Imperatriz Maria Teresa, que dizia que “os músicos que se põem a
rodar pelo mundo à maneira de pedintes não contribuem para a boa
fama da profissão”, impedia seu filho Ferdinando, Duque da
Lombardia, de tomar Mozart a seu serviço.
Nessa
época, a intenção de Wolfgang era continuar com suas viagens pela
Europa, acompanhado de seu pai e de sua irmã; mas, ante a ameaça de
demissão, caso insistissem em viajar, Leopold, com 58 anos, temendo
perder o seu cargo optou por permancer em Salzburgo, o mesmo
ocorrendo com sua filha Nannerl.
Wolfgang
então decidiu viajar com sua mãe. Juntos visitaram Munique,
Augsburgo, Paris, Estrasburgo e Mannhein. Além de suas apresentação,
tinha a esperança de encontrar um emprego fixo. Os aristocratas, no
entanto, não lhe deram o apoio esperado, por considerá-lo um
“criado foragido”. Restava ao gênio eventuais apresentações em
recitais e algumas aulas que ministrava.
Na
próxima postagem, continuaremos com a vida e a obra de Wolfgang
Amadeus Mozart.
REFERÊNCIAS:
ANSTETT,
J. Ph. Galeria
de Homens Ilustres.
Rio de Janeiro: Laemmert, 1905.
KEIEGER,
eDINO. Grandes
Compositores da Música Universal, nº 20.
São Paulo: Abril Cultural, s/d.
* * *
Caro Pedro,
ResponderExcluira vida e obra de Mozart são inesgotáveis. Eu li biografias, vi um filme e agora seux textos mostram mais detalhes, facetas inéditas! Pois é, vale a pena vir aqui e ler os seus seletos textos.
Um grande abraço
Nesta fase, Mozart começa a ter alguma sorte e o seu valor é já reconhecido. A inveja (sempre ela) faz dele um "criado foragido" que, de certo modo, lhe conferiu a coragem e a vontade que precisava para vencer. Estou encantada, Pedro.
ResponderExcluirBeijo
Graça